| D. Rowan Williams |
Ora apesar de até ser verdade que no fundo o Islão e o Cristianismo, irmãos abraâmicos rivais, têm mais coisas em comum do que em divergência, não deixa igualmente de ser verdade que a elite cultural reinante se sente perfeitamente à vontade para atacar irreverentemente o Cristianismo mas raramente demonstra a mesma irreverência para com o Islão, não apenas porque a atitude de rebelde trocista e contra as instituições e religiões só tem piada quando não se corre o risco de levar um tiro na cabeça, e os muçulmanos não admitem brincadeiras, e portanto irreverência sim mas só contra os inofensivos, não apenas por isso, mas também, e sobretudo, porque o credo da elite culturalmente dominante no Ocidente é o da Santa Madre Igreja do Anti-Racismo e do Multiculturalismo dos Últimos Dias do Ocidente, que consagra o Amado Outro como o único deus a venerar. E, do mesmo modo que na Idade Média se consideravam sagradas as relíquias, isto é, os objectos que alegadamente estavam de algum modo ligados a figuras sagradas - um osso de algum santo, ou um pedaço da madeira da cruz da crucificação - também agora a elite reinante considera como que sagrado tudo o que diga respeito ao Amado Outro: não apenas a pessoa do Amado Outro, mas também a sua cultura, a sua gastronomia (e é «bem» almoçar hoje num restaurante japonês e jantar amanhã num tailandês... e no Reino Unido até há quem queira admoestar as crianças brancas que fizerem má cara diante de comida exótica estrangeira...) e claro, a sua religião. Este é o verdadeiro motivo pelo qual é frequente a acusação de «racismo» contra quem critique o Islão, que nada tem de racial, mas que, aos olhos ocidentais, é a religião do Alógeno por excelência, assumindo portanto, no pensamento politicamente correto, um simbolismo de índole étnica.
Em assim sendo, quando o Cristianismo mete nojo, é fácil, aos "bem-pensantes", atacá-lo de cima a baixo; quando o mal vem das fileiras islâmicas, então o problema está, digamos, "na religião". Ainda me lembro, por exemplo, de ter ouvido o anúncio de um programa sobre a religião nos dias de hoje da à esquerdista TSF que começava mais ou menos assim: "Depois do onze de Setembro, as religiões estão sob suspeita." Note-se que não é o Islão que está sob suspeita, mas «as religiões»... Tive de ouvir o anúncio várias vezes para me certificar de que não me tinha enganado, por mais inverosímil que parecesse tão primária invertebralidade anti-racista.
Alô amigos
ResponderExcluirA culpa é dos radicais ???,outra vez?.
http://www.globalpost.com/dispatch/news/regions/americas/united-states/120325/shaima-alawadi-hate-crime-iraq-california-beating
Aposto que tem muçulmano na parada.Aguardemos
abraços
Roberto