O presidente Barack
Obama, o senador Republicano Rand Paul e outros defensores do
“verdadeiro Islã” têm afirmado categoricamente que as doutrinas
do Estado Islâmico do Iraque e Levante (mais conhecido como ISIS)
não são genuinamente muçulmanas. Quem iludiu o presidente Obama e
seus companheiros que existe um islã verdadeiro e um falso? Estão
enganados. Há maometismo para todos os gostos. O de Obama é um
invento estadunidense: tolerante, pacífico, comprometido com a
harmonia universal. No entanto, Abu Bakr al-Baghadidi, o
megalomaníaco sanguinário que lidera o ISIS, está muito mais
próximo da essência do Islã do que essa visão de Obama. Sua
doutrina é uma variante do wahhabismo, uma corrente islâmica
extremamente rígida e puritana que prega o extermínio dos infiéis,
incluindo os muçulmanos que rechaçam o wahhabismo, mesmo que sejam
integrantes de outros grupos jihadistas. Seu centro de operações é
a Arábia Saudita, onde existe um acordo estreito entre os dirigentes
wahhabi e a monarquia saudita (cujo o fundador foi um converso ao
wahhabismo).
Este incômodo
aliado dos Estados Unidos na guerra contra o ISIS tem gastado milhões
de petrodólares com o fim de disseminar as ideias wahhabies nos
países muçulmanos (e não-muçulmanos). Os sauditas financiam
mesquitas, centros de doutrinamento e meios de comunicação
dedicados ao proselitismo wahhabi. Abu Bakr al-Baghdadi tem sido um
dos beneficiados dessa política educativa.
Porém, diante da
realidade do reino ameaçado por um dos produtos de sua estratégia
proselitista e das exigências da coalizão anti-ISIS, que inclui
estados como a Arábia que apoia grupos de fanáticos armados que são
parentes do ISIS, a dirigência wahhabi não reconhece a contribuição
de suas doutrinas para a formação de Abu Bakr al-Baghdadi. Por isso
os clérigos wahhabi têm adotado uma postura semelhante à de Obama.
Após um silêncio prolongado diante das conquistas do ISIS e das
ideias religiosas em que o grupo justifica suas barbáries, o grande
mufti da Arábia Saudita disse mês passado que “as ideias de
extremismo, radicalismo e terrorismo não pertencem de forma alguma
ao Islã, são inimigas do Islã e os muçulmanos são suas primeiras
vítimas, como temos visto nos crimes cometidos pelo chamado Estado
Islâmico e pela Al-Qaeda”.
Em sua hipocrisia
o grande mufti demonstra ser um Savonarola pragmático. Um fanático
que sabe disfarçar bem sua desfaçatez Por outra parte é certo que
a leitura do wahhabismo feita pela horda do ISIS é em algum ponto
divergente da versão saudita. Como é natural, o wahhabismo da
monarquia, foca na absoluta submissão à autoridade estabelecida,
sobretudo à dinastia absolutista saudita.
Mas o ISIS que
acabar com a autoridade estabelecida, primeiro nos países muçulmanos
e depois nos que estão sob influência do Irã. Segundo suas
declarações em vídeos, internet, comunicados e redes sociais, o
ISIS pretende destruir os governos podres que abandonaram o Islã e
se deixaram dominar pelos diabólicos infiéis estrangeiros. Seu
culto a violência como forma purificadora de um mundo moderno
viciado guarda um parentesco com as pregações laicas de luta armada
contra a burguesia decrépita. É uma das características que atraem
europeus, estadunidenses e australianos homicidas às fileiras do
ISIS, uma variante do Islã verdadeiro não reconhecida pelo
presidente dos Estados Unidos.
Por Ramon A.
Mestre - Tradução De Olho na Jihad http://www.elnuevoherald.com/opinion-es/article2264490.html#storylink=cpy
1 comentários:
Se o Islã é uma religião de paz e os terroristas do ISIS não o representam, quais são os versos do Alcorão que os condenam?
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