terça-feira, 15 de julho de 2014

Hamas contra Israel


Há seis dias o Hamas resolveu enviar centenas de mísseis contra Israel quebrando o cessar-fogo negociado em 2012.

Israel respondeu com ataques cirúrgicos a depósitos de mísseis e destruindo casas dos líderes to Hamas. A pergunta que todos estão fazendo é “o que o Hamas pensa irá ganhar de Israel?”

Se ela sabe que não ganhará esta guerra, então porque provocá-la? Porque colocar alvos militares no meio de sua própria população e causar sua morte?

A situação do Hamas é precária. Quando tomou o poder em Gaza há 7 anos atrás, o cenário era diferente. Havia um regime amigo no Cairo que fechava os olhos para os milhares de mísseis do Irã, Siria e Hezbollah que atravessavam o Sinai em direção à Faixa. Os líderes do Hamas estavam instalados confortavelmente na Síria e eram frequentemente recebidos como chefes de estado tanto pela Arábia Saudita como pelo Irã. Dinheiro não faltava, seus funcionários eram pagos em dia, Israel deixava passar todo tipo de mercadoria além de fornecer energia elétrica de graça. Em troca Israel era bombardeada e tudo estava bem.

Hoje o cenário é bem diverso. Os egípcios, queimados com a Irmandade Muçulmana, não querem nada com o seu braço palestino, o Hamas. Eles fecharam os túneis e o contrabando de armas e transferência de malas de dinheiro cessou. A Síria expulsou seus líderes quando o Hamas se recusou a apoiar o massacre de seus irmãos sunitas por Bashar al-Assad. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas se recusa a transferir dinheiro em parte porque tanto a Europa como os Estados Unidos designaram o Hamas como grupo terrorista e isso poria em risco a ajuda internacional.

Em Gaza, o Hamas está tendo sua liderança questionada por grupos ainda mais radicais como o ISIS ligado à al-Qaeda sunita ou o Jihad Islâmico ligado ao Irã shiita.

Parece absurdo mas a única saída para o Hamas era mesmo um ataque a Israel.
  
O ódio aos judeus é endêmico no mundo muçulmano. Um ataque a Israel é o único método comprovado de unir os piores inimigos como nesta semana foi descrito pelo embaixador de Israel na ONU, Ron Prosor, quando o embaixador saudita e o do Irã colaboraram numa resolução contra Israel. No ocidente, como ainda estamos vendo, a simpatia fica sempre com os palestinos. O Hamas já ganhou tudo isso, independente do resultado desta agressão.

Em 1991 quando Saddam Hussein lançou mísseis scud contra Israel, durante a primeira guerra do Golfo, ele não o fez pensando que iria destruir Israel. O fez para convencer os membros árabes da coalisão a abandonarem o lado americano e se unirem a ele. Saddam sabia que Israel não poderia retaliar e portanto ele só tinha a ganhar com o ataque.

O mesmo se passou com a Hezbollah na Segunda Guerra do Líbano em 2006. O grupo não acreditou realmente que milhares de mísseis iriam destruir o estado judeu. Mas apesar da guerra ter causado a destruição do Líbano, a Hezbollah e o Irã sairam dela como os defensores dos muçulmanos no mundo.

O problema foi que ao impedir Israel de agir decisivamente para ser vitoriosa e ainda, forçar Israel a negociar um cessar-fogo com a Hezbollah, os Estados Unidos efetivamente reconheceram e deram legitimidade ao grupo. Esta legitimidade foi traduzida imediatamente com uma efetiva tomada do poder pela Hezbollah no Líbano. E talvez este tivesse sido seu objetivo desde o começo.

O governo Obama deu ainda mais força à esta posição patética. Tanto em 2009 como em 2012, o presidente americano deixou claro que não iria tolerar uma humiliação do Hamas nas mãos de Israel. 

Do lado palestino, Mahmoud Abbas se colocou inequivocamente do lado do Hamas, repetindo que Israel estaria causando um “genocídio” de palestinos em Gaza. As mílicias da Fattah no entanto, estão se gabando de terem enviado dezenas de mísseis contra Ashkelon e Sderot. No campo diplomático Abbas está ameaçando levar Israel para a Corte Penal Internacional de Justiça ao mesmo tempo em que a incitação na Judéia e Samária estão nos mais altos níveis.

A posição de Israel tem sido clara: se os mísseis pararem, seus ataques também pararão. Mas o Hamas não pára. Ela sabe que quanto mais tempo durar esta violência, mais fortalecida ficará a Irmandade Muçulmana no Egito e mais difícil ficará para al-Sisi continuar com sua fronteira para Gaza fechada. Quanto pior ficar a situação do povo em Gaza, mais pressão será feita contra Israel.

E aí temos a administração Obama. Apesar das declarações oficiais serem de apoio ao direito de Israel de se defender, todas vêm acompanhadas de um aviso para que um desastre humanitário seja evitado. Mas em outros foruns o discurso é outro.

O enviado de Obama para o Oriente Médio, Philip Gordon esteve esta semana numa conferência de paz em Tel Aviv. Sem qualquer explicação ele culpou Israel pela derrocada das negociações mas elogiou profusamente Mahmoud Abbas. E a coisa não parou nas condenações e elogios. Gordon deixou entender que Obama estaria disposto a retirar o apoio americano a Israel na ONU. Ele perguntou “como poderemos evitar que outros estados apoiem os esforços palestinos em organizações internacionais se Israel não está comprometida com a paz?” Até agora não houve qualquer retificação pelo Departamento de Estado americano.

Por último, temos a mídia internacional. Esta, para justificar sua predisposição em favor dos palestinos, só mostra os números. Que em Gaza houve tantos mortos contra um punhado de casualidades israelenses sem noticiar que os mísseis são enviados a Israel de áreas residenciais, que os líderes do Hamas se escondem debaixo de hospitais e escolas, e que procuram o maior número de morte entre os seus para provocar o ultraje to mundo.

Obama escreveu um editorial para o jornal Haaretz esta semana dizendo que “paredes e sistemas de defesa contra mísseis como o Domo de Ferro ajudam a proteger de algumas ameaças, mas a verdadeira segurança só virá com a negociação de um acordo abrangente. Chegar num acordo de paz com os palestinos também ajudará a mudar o sentimento internacional contra Israel e ostracizará os extremistas, aumentando a segurança dos israelenses”.

Infelizmente Obama não entende o problema.

Israel já assinou dúzias de acordos com os palestinos e cada um não valeu o papel em que foi escrito. Isso porque ninguém lida com a base do problema que é o ódio dos árabes aos judeus. E como estamos vendo, o ódio aumenta quanto mais bem-sucedida for Israel. O Hamas não entende como apesar de enviar dúzias de foguetes de uma só vez, nenhum israelense morreu, houve poucos danos materiais e a vida continua.


Como alguém que acredita que nada acontece por acaso e que há um Deus olhando para o que está acontecendo, gostaria de compartilhar com vocês uma curiosidade. Esta operação foi chamada por Israel de Tsuk Eitan, a tradução fica algo como penhasco forte. As primeiras letras são tsadik e alef que perfazem o número 91. 

O Salmo 91 para quem quiser ler, é muito interessante para estes dias. Ele diz que “quem habita na Morada do Altíssimo estará sempre sob Sua proteção”; “Ele o cobrirá com suas asas e sob elas encontrará abrigo seguro. Não temas o terror que campeia durante a noite e nem a flecha que busca seu alvo durante o dia. O Salmo termina dizendo que quando o povo judeu chamá-lo Ele irá responder e fará ver Seu poder salvador”. É o que estamos vendo nos nossos dias. Que Israel continue a ter o mérito desta proteção.

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