terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Espada do Islã, filho e sucessor do Ditador

Fernando Navarro – El País

Muamar Kadaf passou anos recebendo os chefes de governo dentro de sua tenda de beduíno. Estava, de alguma forma, simbolizando seu conceito primitivo nas questões de Estado. Mas, além de suas conhecidas excentricidades, a vida política do ditador líbio sempre girou em torno de um sentimento de tribo e de uma confiança absoluta no clã familiar.

Nos primeiros anos de seu regime, Kadafi rodeou-se de primos e cunhados para assegurar o golpe de Estado que levou ao poder em 1969, passado o tempo e aumentado a família, o ditador líbio foi depositando suas responsabilidades e negócios em seus oito filhos com o objetivo de manter atados todos os laços no país norte- africano. Em outubro de 2009, durante uma assembléia com os principais chefes tribais, Kadafi não teve problema em nomear como sucessor seu filho, Saif el Islam, o mesmo que no domingo lançou ameaças através da TV estatal, para aterrorizar a população que se manifesta nas ruas. Saif el Islam, que significa Espada do Islã, rompeu com sua imagem de suposto reformista, cultivada pelo próprio regime, e apelou a seu espírito guerreiro herdado de seu avô, que se orgulhava de ter combatidocontra o exército italiano, quando disse que sua família “lutaria até a queda do último homem”.

Segundo a organização Global Security, este arquiteto culto e inteligente de 38 anos, que possui um estúdio em Trípolo, e é dono de um grupo de meios de comunicações que incluem televisões por satélites e periódicos, conta com o respaldo de seu pai para substitui-lo como “guia da revolução”. Com seu doutorado na Lodon School of Economics, apesar de sua falta de conhecimento militares, tornou-se o filho predileto
do clã, ficando em melhor posição que seu irmão Mutasim, tenente coronel de 36 anos que estava nas apostas a sucessão, e a exercer o cargo de acessor de segurança nacional.

Islam apareceu no cenário internacional no ano de 2000 quando negociou a libertação de reféns sequestrados por terroristas islâmicos nas Filipinas. Desde então tem desempenhado funções importantes na gestão de conflitos, como o caso Lockerbie e o desmantelamento do programa nuclear, que permitiu que a Líbia melhorasse sua imagem diante da comunidade internacional. Esse papel de mediador lhe deus créditos em alguns círculos diplomáticos do Ocidente, também suas críticas a velha guarda e aos comitês revolucionários impôs ortodoxia em sua política. No entanto, asseguram alguns especialistas, sua abertura ao exterior respondeu muito mais aos fins comerciais que a concessão de direitos e liberdades.

Islam, como Mutasim, outros dos filhos que é um homem forte das forças armadas, representa o orgulhoso e autoritário Kadafi. Porém como nas velhas parábolas, sempre há ovelhas desgarradas que, neste caso,  ilustram outros traços distintos da extravagante personalidade do líder líbio. O Kadafi extravagante se encontra em Al Saadi, de 37 anos, que nunca mostrou interesse pela política, porém decidiu usar suas influências para jogar futebol. Seu sonho era se transformar em uma estrela do esporte e jogar na Liga dos Campeões, no entanto, teve que se contentar em vestir as camisas do Perugia, Udinese e Sampdoria. Saadi, não desanimou e decidiu lançar-se ao cinema, fundando uma produtora no Oeste.

O Kadafi playboy se encontra em Aníbal, de 34 anos, propenso a desobediência e  confusão. No verão de 2008 foi detido em Genebra por agredir a dois empregados do hotel em que estava hospedado com sua  esposa. Após passar a noite preso e pagar uma fiança de quase 300.000 euros, voltou a Líbia e abriu uma crise diplomática. Seu pai respondeu detendo dois empresários suíços e suspendeu a venda de petróleo ao país europeu. Em 2004, Aníbal havia sido preso em Paris por avançar váriossemáforos.

O Kadafi anti-imperialista, de raiz pan-árabe , se esconde em sua única filha, Aisha, de 30 anos. Em juho de 2004, tornou-se bastante popular a unir-se a esquipe jurídica que defendeu Sadam Husein. E no conflito diplomático de seu irmão Aníbal na Suíça, foi a Genebra para advertir as autoridades: “Aplicaremos a política do olho por olho e dente por dente”. E assim como o irmão “Espada do Islã”, ela tomou do pai o tom
ameaçador.

Fonte: El País publicado no site do Itamaraty




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