terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O direito à crítica ao islã

Decapitar aqueles que insultam o Islão

Primeira citação. Ayaan Hirsi Ali, a deputada holandesa de origem somali condenada a morte por lutar contra a opressão da mulher no islã, em seu livro 'Eu acuso': "Duas de cada três guerras no mundo ocorrem em nome do islã. A idéia de que o islã é uma religião de paz não tem nenhum fundamento". Segunda citação. Wafa Sultan, psicóloga síria, numa entrevista na Al Jazira: "Só os muçulmanos defendem suas crenças queimando igrejas, matando gente e destruindo embaixadas. Este caminho não dará resultado. Os muçulmanos devem perguntar-se o que podem fazer pela Humanidade, antes de exigir que a Humanidade lhes respeite". Vive ameaçada de morte. Terceira citação. Fadéla Amara, muçulmana de origem argelina e presidenta do movimento francês Ni Putas, Ni Sumisas (Nem Putas, Nem Submissas): "Sou muçulmana crente e considero o véu um instrumento de opressão contra a mulher".

Poderia acrescentar, aos nomes destas três mulheres, outras muitas cuja luta a favor da liberdade, no seio do islã, que passaram a viver ameaçadas. Nenhuma delas insultou essa religião, mas todas receberam a acusação de tê-la insultado. A primeira coisa mais terrível que encontramos, quando tentamos um debate sereno e democrático sobre o islã, é a demonização do pensamento crítico, sempre na boca de pessoas que se outorgam sua representação universal, e que apresentam o islã como um dogma antidialético e não histórico.

Escrevi, faz dois anos, que o islã precisa ter um Voltaire, e vendo a resposta que a senhora Ndeye Andújar me dedica, na qual dispara ad hominem, mata o mensageiro transformando-me num ente carregado de preconceitos, e converte meus argumentos críticos em insultos ao islã, ainda considero mais urgente apelar à Ilustração. Rebelo-me contra esta maldade do pensamento que baseia na negação do debate a verdade de seus argumentos. Rebelo-me porque é uma postura maniqueísta e antidemocrática. Pode ser que Andújar tenha medo do livre pensamento - é bom ler Fromm- -, mas não poderá evitar que, apesar da demonização, algumas pessoas sejam seriamente críticas com o islã atual.

Uma anotação fundamental. Ainda que alguém tente, não encontrará, em nenhum texto meu, um só insulto à religião. Respeito profundamente as crenças de cada qual e, ainda que eu seja de estilo racionalista, não considero que a fé seja a fonte do problema. Porém, sim, encontrará muitas reflexões preocupadas pelo uso perverso da religião em favor de uma ideologia totalitária que, hoje, em nome do islã, educa no fanatismo, no niilismo suicida e no desprezo à mulher. Se a senhora Ndeye Andújar quer encontrar insultadores do islã aos quais assinalar, aconselho-a que olhe para casa. Dou-lhe algumas idéias. Insultam severamente o islã os que educam seus filhos para ser bombas humanas. Insultam o islã os que estabelecem leis que escravizam a mulher. Insultam o islã os que educam no anti-semitismo, no antiocidentalismo, no desprezo à liberdade. Insultam o islã os que usam a técnica do século XXI para conectá-la com a Idade Média. Insultam o islã os que convidam crianças a ferirem-se até o delírio para comemorar a morte de alguém que desapareceu há séculos. E, sim, insultam o islã os que, nas mesquitas ocidentais, animam a cobrir suas mulheres, a enviar os jovens para combater no Iraque ou a considerar a democracia uma maldade infiel.

Não sabia que isto ocorre em mesquitas espanholas, francesas...? Convido-a a ler alguns informes, ou inclusive a conhecer os motivos das expulsões de alguns imãs na França. Todas as mesquitas? É claro que não. É claro que existe uma visão progressista e democrática do islã. Mas convive com ela, e de forma muito estendida, uma visão regressiva, fanática e antimoderna. Essa visão, para desgraça de todos, tem muito poder e recebe muito dinheiro. E essa visão, por certo, tem uma especial obsessão em impor o véu, metáfora inequívoca da negação da liberdade da mulher.

Poderíamos discutir outras questões. Por exemplo, Ndeye Andújar assegura que a Universidade Islâmica de Al-Azhar nega a validade corânica da amputação. Mas esquece que na mesma universidade há estudiosos que a avalizam. E também esquece que a partir de Al-Azhar alimentaram-se algumas das leituras fundamentalistas do Corão que mais dano ideológico fizeram. Fundadores da Fraternidade Muçulmana do Egito, desde Hassan al-Banna até Sayyid Qutb ou Yousouf al-Qaradawi, beberam de suas fontes. E seus textos, paradigma do discurso radical mais totalitário, são leitura na maioria dos centros islâmicos europeus. O tema, pois, nem é tão simples nem é tão bonito.

No lugar de tentar demonizar os que levantam sua pena para denunciar os abusos em nome do islã, fariam bem as Ndeye que nos rodeiam se dedicassem seus esforços para combatê-los. O inimigo do islã não somos nós as mulheres que defendemos a liberdade. O inimigo está em casa, usa o nome de Deus em vão e o perverte a favor de uma ideologia malvada. Um último pedido. Pense duas vezes antes de apontar-nos o dedo e acusar-nos de insultar o islã. Porque quero recordar-lhe que alguns dos seus podem considerar essa acusação um alvo.

Fonte:FIRS

1 comentários:

Muito bom, Jefferson.
De facto é ridículo os maometanos exigirem "respeito" quando eles mesmos são ensinados a não respeitar.

Se querem respeito, então tem que deixar de lado o islão.

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