quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O ISIS representa um Islã Verdadeiro



O presidente Barack Obama, o senador Republicano Rand Paul e outros defensores do “verdadeiro Islã” têm afirmado categoricamente que as doutrinas do Estado Islâmico do Iraque e Levante (mais conhecido como ISIS) não são genuinamente muçulmanas. Quem iludiu o presidente Obama e seus companheiros que existe um islã verdadeiro e um falso? Estão enganados. Há maometismo para todos os gostos. O de Obama é um invento estadunidense: tolerante, pacífico, comprometido com a harmonia universal. No entanto, Abu Bakr al-Baghadidi, o megalomaníaco sanguinário que lidera o ISIS, está muito mais próximo da essência do Islã do que essa visão de Obama. Sua doutrina é uma variante do wahhabismo, uma corrente islâmica extremamente rígida e puritana que prega o extermínio dos infiéis, incluindo os muçulmanos que rechaçam o wahhabismo, mesmo que sejam integrantes de outros grupos jihadistas. Seu centro de operações é a Arábia Saudita, onde existe um acordo estreito entre os dirigentes wahhabi e a monarquia saudita (cujo o fundador foi um converso ao wahhabismo).

Este incômodo aliado dos Estados Unidos na guerra contra o ISIS tem gastado milhões de petrodólares com o fim de disseminar as ideias wahhabies nos países muçulmanos (e não-muçulmanos). Os sauditas financiam mesquitas, centros de doutrinamento e meios de comunicação dedicados ao proselitismo wahhabi. Abu Bakr al-Baghdadi tem sido um dos beneficiados dessa política educativa.
Porém, diante da realidade do reino ameaçado por um dos produtos de sua estratégia proselitista e das exigências da coalizão anti-ISIS, que inclui estados como a Arábia que apoia grupos de fanáticos armados que são parentes do ISIS, a dirigência wahhabi não reconhece a contribuição de suas doutrinas para a formação de Abu Bakr al-Baghdadi. Por isso os clérigos wahhabi têm adotado uma postura semelhante à de Obama. Após um silêncio prolongado diante das conquistas do ISIS e das ideias religiosas em que o grupo justifica suas barbáries, o grande mufti da Arábia Saudita disse mês passado que “as ideias de extremismo, radicalismo e terrorismo não pertencem de forma alguma ao Islã, são inimigas do Islã e os muçulmanos são suas primeiras vítimas, como temos visto nos crimes cometidos pelo chamado Estado Islâmico e pela Al-Qaeda”.
Em sua hipocrisia o grande mufti demonstra ser um Savonarola pragmático. Um fanático que sabe disfarçar bem sua desfaçatez Por outra parte é certo que a leitura do wahhabismo feita pela horda do ISIS é em algum ponto divergente da versão saudita. Como é natural, o wahhabismo da monarquia, foca na absoluta submissão à autoridade estabelecida, sobretudo à dinastia absolutista saudita.
Mas o ISIS que acabar com a autoridade estabelecida, primeiro nos países muçulmanos e depois nos que estão sob influência do Irã. Segundo suas declarações em vídeos, internet, comunicados e redes sociais, o ISIS pretende destruir os governos podres que abandonaram o Islã e se deixaram dominar pelos diabólicos infiéis estrangeiros. Seu culto a violência como forma purificadora de um mundo moderno viciado guarda um parentesco com as pregações laicas de luta armada contra a burguesia decrépita. É uma das características que atraem europeus, estadunidenses e australianos homicidas às fileiras do ISIS, uma variante do Islã verdadeiro não reconhecida pelo presidente dos Estados Unidos.

Por Ramon A. Mestre - Tradução De Olho na Jihad http://www.elnuevoherald.com/opinion-es/article2264490.html#storylink=cpy

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