Sei que olham para mim de lado, mas eu ignoro essas pessoas." Com barba rija, turbante e traje típico muçulmano, o desabafo de Abdulai espelha o sentimento de muitos membros da comunidade muçulmana em Portugal de serem associados a radicais islâmicos depois dos atentados em França. "Não somos todos terroristas", diz ao Correio da Manhã.
Mas, como o CM viu numa das várias mesquitas na Mouraria em que, sem placa, só é conhecida dentro da comunidade muçulmana, o discurso sobe de tom quando o tema é a Palestina ou os EUA. "Só um soldado americano matou indiscriminadamente 17 muçulmanos no Afeganistão", recorda um membro da mesquita. E interroga-se: " Podemos ficar quietos perante isto?" Sobre o radicalismo islâmico em França, depois de Mohamed Merah, autor dos ataques em Toulouse em que morreram sete pessoas, ter levantado questões de segurança, um dos membros da mesquita refere que "sente orgulho nos jovens muçulmanos" em território francês. Há ainda a defesa de que, "no futuro", todo o mundo se irá converter ao Islão, facto "que o Vaticano sabe e teme".
Este discurso violento, sabe o CM, tem levantado preocupações junto do xeique David Munir, imã da Mesquita Central de Lisboa, e que leva fonte das secretas a admitir que "a comunidade muçulmana em Portugal está sob vigilância".
Esta mesquita fica numa das ruas estreitas da Mouraria, e a porta de alumínio não deixa adivinhar que se trata de um local de culto islâmico há cerca de dez anos. O corredor apertado e escuro dá lugar uma sala de orações para mais de cinquenta pessoas, sem janelas, em que a única decoração são os tapetes árabes no chão. Os vizinhos nem sabem que se trata de uma mesquita e referem apenas "grupos de homens com roupas estranhas aí à porta". As prostitutas da zona sabem do que se trata, mas queixam-se de que "os muçulmanos são maus para o negócio". A única pista é o número de homens que antes da oração ocupam toda a rua.
Nesse quarteirão, há mais duas mesquitas, mas só uma consta da página oficial da Comunidade Islâmica de Lisboa. Ao CM, outro membro desta comunidade disse que se trata de "divergências internas" que explicam tantas mesquitas mesmo lado a lado. A mesma fonte garante que, apesar da associação do Islão ao terrorismo, "a nossa é uma religião de paz e transparente. Quem mata em nome do Islão, não é um verdadeiro muçulmano."
O CM tentou, sem sucesso, obter uma reacção junto do porta-voz da comunidade, o xeique David Munir.
TEMPLOS EM LOJAS, GARAGENS E CASA
Longe da imponência da Mesquita Central ou de Odivelas, os muçulmanos em Portugal adoptaram soluções práticas para quem tem de rezar cinco vezes em diferentes alturas do dia. Lojas, garagens e apartamentos são exemplos do que foi convertido num local de culto islâmico pela comunidade.
O CM visitou uma mesquita em Lisboa que usou o espaço de arrecadação na garagem de um centro comercial para permitir "às cerca de vinte famílias aqui da zona" um sítio para professarem a sua fé, explicou um dos responsáveis. No Martim Moniz, não é complicado encontrar um rés-do-chão ao lado de mercearia que também foi alvo de uma remodelação. Com orações que colidem com o horário de trabalho, este improviso permite fechar o negócio por dez minutos para ir rezar. "Trabalho aqui no Martim Moniz e é complicado apanhar o metro ou autocarro até à Praça de Espanha para ir à Mesquita Central cinco vezes por dia", explica ao CM Mombi, natural do Bangladesh.
A maioria da comunidade muçulmana concentra-se em Lisboa e no Porto, mas há salas de culto noutros distritos.
"PODE HAVER FRANJAS RADICAIS"
Correio da Manhã – As mesquitas periféricas que estão a multiplicar-se são um problema de segurança?
José Manuel Anes – É um problema, porque não há
Fonte: Correio da Manhã
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