sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A Angola proibiu o islamismo?

Uma polêmica tem dominado a pauta angolana e do mundo islâmico nos últimos dias: teria sido o país africano o primeiro do mundo a banir a religião islâmica?

Após diversos veículos de imprensa africanos noticiarem o fato, o governo angolano negou a informação, mas também não explicou muita coisa.

O site Ango Notícias já noticiara, em setembro, que a comunidade islâmica no país reclamava de perseguição religiosa. Contudo, a polêmica só ganhou força em novembro.

Tudo começou no dia 22, quando o jornal marroquino La Nouvelle Tribune, em francês, trouxe uma fala da ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva. Segundo ela, “o processo de legalização do islamismo não foi aprovado pelo Ministério da Justiça e Direitos Humanos. As mesquitas poderão ser fechadas”.

Pouco antes, em outubro, o governo angolano indeferira os pedidos de 194 organizações religiosas para serem reconhecidas, entre eles o da Comunidade Islâmica de Angola (COIA). No país, a legislação determina que cada organização se registre junto ao Ministério da Justiça. Para isso, precisa provar a existência de 10 mil fiéis.

Logo em seguida, diversos sites internacionais reproduziram a notícia, chegando aos ouvidos de nações islâmicas. O líder religioso do Egito, o mufti Shawqi Allam, disse que o fato “seria uma provocação não somente aos muçulmanos angolanos, mas a todos os 1,5 bilhão de muçulmanos espalhados pelo mundo”, conforme noticiou a AFP.

O jornal angolano O País denunciou que 60 mesquitas já tinham sido fechadas e que só restavam os templos de Benguela e Luanda. A fonte do jornal relatou que todas foram fechadas sem aviso prévio.

Ao site RTP, David Já, presidente da Comunidade Islâmica de Angola, disse que desde 2006 as mesquitas estão sendo destruídas. Em 2011 e 2012, os casos diminuíram, mas voltaram em 2013.

Por fim, a notícia ganhou ainda mais força quando, no domingo (24), o jornal nigeriano Osun Defender trouxe uma fala do presidente angolano, José Eduardo Dos Santos. “Esse é o fim da influência islâmica em nosso país”, teria dito. A maioria da população angolana é católica, mas cerca de 80 mil são muçulmanos.

O governo desmente tudo

À Agência AFP, o diretor do Instituto Nacional para Assuntos Religiosos, Manuel Fernando, negou as informações.

“Não há em Angola guerra alguma contra o islã ou outra religião. E não temos posição oficial sobre o fechamento e destruição de mesquitas”, disse à AFP.

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