Por Deborah Srour
Há seis dias o Hamas resolveu enviar centenas de mísseis
contra Israel quebrando o cessar-fogo negociado em 2012.
Israel respondeu com ataques cirúrgicos a depósitos de
mísseis e destruindo casas dos líderes to Hamas. A pergunta que todos estão
fazendo é “o que o Hamas pensa irá ganhar de Israel?”
Se ela sabe que não ganhará esta guerra, então porque
provocá-la? Porque colocar alvos militares no meio de sua própria população e
causar sua morte?
A situação do Hamas é precária. Quando tomou o poder em Gaza
há 7 anos atrás, o cenário era diferente. Havia um regime amigo no Cairo que
fechava os olhos para os milhares de mísseis do Irã, Siria e Hezbollah que
atravessavam o Sinai em direção à Faixa. Os líderes do Hamas estavam instalados
confortavelmente na Síria e eram frequentemente recebidos como chefes de estado
tanto pela Arábia Saudita como pelo Irã. Dinheiro não faltava, seus
funcionários eram pagos em dia, Israel deixava passar todo tipo de mercadoria
além de fornecer energia elétrica de graça. Em troca Israel era bombardeada e
tudo estava bem.
Hoje o cenário é bem diverso. Os egípcios, queimados com a
Irmandade Muçulmana, não querem nada com o seu braço palestino, o Hamas. Eles
fecharam os túneis e o contrabando de armas e transferência de malas de
dinheiro cessou. A Síria expulsou seus líderes quando o Hamas se recusou a
apoiar o massacre de seus irmãos sunitas por Bashar al-Assad. O presidente da
Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas se recusa a transferir dinheiro em parte
porque tanto a Europa como os Estados Unidos designaram o Hamas como grupo
terrorista e isso poria em risco a ajuda internacional.
Em Gaza, o Hamas está tendo sua liderança questionada por
grupos ainda mais radicais como o ISIS ligado à al-Qaeda sunita ou o Jihad
Islâmico ligado ao Irã shiita.
Parece absurdo mas a única saída para o Hamas era mesmo um
ataque a Israel.
O ódio aos judeus é endêmico no mundo muçulmano. Um ataque a
Israel é o único método comprovado de unir os piores inimigos como nesta semana
foi descrito pelo embaixador de Israel na ONU, Ron Prosor, quando o embaixador
saudita e o do Irã colaboraram numa resolução contra Israel. No ocidente, como
ainda estamos vendo, a simpatia fica sempre com os palestinos. O Hamas já
ganhou tudo isso, independente do resultado desta agressão.
Em 1991 quando Saddam Hussein lançou mísseis scud contra
Israel, durante a primeira guerra do Golfo, ele não o fez pensando que iria
destruir Israel. O fez para convencer os membros árabes da coalisão a
abandonarem o lado americano e se unirem a ele. Saddam sabia que Israel não
poderia retaliar e portanto ele só tinha a ganhar com o ataque.
O mesmo se passou com a Hezbollah na Segunda Guerra do
Líbano em 2006. O grupo não acreditou realmente que milhares de mísseis iriam
destruir o estado judeu. Mas apesar da guerra ter causado a destruição do
Líbano, a Hezbollah e o Irã sairam dela como os defensores dos muçulmanos no
mundo.
O problema foi que ao impedir Israel de agir decisivamente
para ser vitoriosa e ainda, forçar Israel a negociar um cessar-fogo com a
Hezbollah, os Estados Unidos efetivamente reconheceram e deram legitimidade ao
grupo. Esta legitimidade foi traduzida imediatamente com uma efetiva tomada do
poder pela Hezbollah no Líbano. E talvez este tivesse sido seu objetivo desde o
começo.
O governo Obama deu ainda mais força à esta posição
patética. Tanto em 2009 como em 2012, o presidente americano deixou claro que
não iria tolerar uma humiliação do Hamas nas mãos de Israel.
Do lado palestino, Mahmoud Abbas se colocou inequivocamente
do lado do Hamas, repetindo que Israel estaria causando um “genocídio” de
palestinos em Gaza. As mílicias da Fattah no entanto, estão se gabando de terem
enviado dezenas de mísseis contra Ashkelon e Sderot. No campo diplomático Abbas
está ameaçando levar Israel para a Corte Penal Internacional de Justiça ao
mesmo tempo em que a incitação na Judéia e Samária estão nos mais altos níveis.
A posição de Israel tem sido clara: se os mísseis pararem,
seus ataques também pararão. Mas o Hamas não pára. Ela sabe que quanto mais
tempo durar esta violência, mais fortalecida ficará a Irmandade Muçulmana no
Egito e mais difícil ficará para al-Sisi continuar com sua fronteira para Gaza
fechada. Quanto pior ficar a situação do povo em Gaza, mais pressão será feita
contra Israel.
E aí temos a administração Obama. Apesar das declarações
oficiais serem de apoio ao direito de Israel de se defender, todas vêm
acompanhadas de um aviso para que um desastre humanitário seja evitado. Mas em
outros foruns o discurso é outro.
O enviado de Obama para o Oriente Médio, Philip Gordon
esteve esta semana numa conferência de paz em Tel Aviv. Sem qualquer explicação
ele culpou Israel pela derrocada das negociações mas elogiou profusamente
Mahmoud Abbas. E a coisa não parou nas condenações e elogios. Gordon deixou
entender que Obama estaria disposto a retirar o apoio americano a Israel na
ONU. Ele perguntou “como poderemos evitar que outros estados apoiem os esforços
palestinos em organizações internacionais se Israel não está comprometida com a
paz?” Até agora não houve qualquer retificação pelo Departamento de Estado
americano.
Por último, temos a mídia internacional. Esta, para
justificar sua predisposição em favor dos palestinos, só mostra os números. Que
em Gaza houve tantos mortos contra um punhado de casualidades israelenses sem
noticiar que os mísseis são enviados a Israel de áreas residenciais, que os
líderes do Hamas se escondem debaixo de hospitais e escolas, e que procuram o
maior número de morte entre os seus para provocar o ultraje to mundo.
Obama escreveu um editorial para o jornal Haaretz esta
semana dizendo que “paredes e sistemas de defesa contra mísseis como o Domo de
Ferro ajudam a proteger de algumas ameaças, mas a verdadeira segurança só virá
com a negociação de um acordo abrangente. Chegar num acordo de paz com os
palestinos também ajudará a mudar o sentimento internacional contra Israel e
ostracizará os extremistas, aumentando a segurança dos israelenses”.
Infelizmente Obama não entende o problema.
Israel já assinou dúzias de acordos com os palestinos e cada
um não valeu o papel em que foi escrito. Isso porque ninguém lida com a base do
problema que é o ódio dos árabes aos judeus. E como estamos vendo, o ódio
aumenta quanto mais bem-sucedida for Israel. O Hamas não entende como apesar de
enviar dúzias de foguetes de uma só vez, nenhum israelense morreu, houve poucos
danos materiais e a vida continua.
Como alguém que acredita que nada acontece por acaso e que
há um Deus olhando para o que está acontecendo, gostaria de compartilhar com
vocês uma curiosidade. Esta operação foi chamada por Israel de Tsuk Eitan, a
tradução fica algo como penhasco forte. As primeiras letras são tsadik e alef
que perfazem o número 91.
O Salmo 91 para quem quiser ler, é muito interessante para estes dias. Ele diz
que “quem habita na Morada do Altíssimo estará sempre sob Sua proteção”; “Ele o
cobrirá com suas asas e sob elas encontrará abrigo seguro. Não temas o terror
que campeia durante a noite e nem a flecha que busca seu alvo durante o dia. O
Salmo termina dizendo que quando o povo judeu chamá-lo Ele irá responder e fará
ver Seu poder salvador”. É o que estamos vendo nos nossos dias. Que Israel
continue a ter o mérito desta proteção.
0 comentários:
Postar um comentário
Termo de uso
O Blog De Olho na Jihad não se responsabiliza pelo conteúdo dos comentários e se reserva o direito de eliminar, sem aviso prévio, os que estiverem em desacordo com as normas do site ou com as leis brasileiras.
As opiniões expostas não representam o posicionamento do blog, que não se responsabiliza por eventuais danos causados pelos comentários. A responsabilidade civil e penal pelos comentários é dos respectivos autores. Por este motivo os que comentarem como anônimos devem ter ciência de que podemos não publicar ou excluir seus comentários a qualquer momento.
Se não tiver gostado, assine, ou não comente e crie seu próprio site e conteste nossas informações.
Ao comentar o usuário declara ter ciência e concorda expressamente com as prerrogativas aqui expostas.
A equipe.