Do blog Acarajé Conservador
Sempre que
eclode conflitos no Oriente Médio a comunidade internacional se
surpreende com a comoção gerada em toda as nações islâmicas pelo mundo.
Esse efeito emocional quase automático é consequência do incrível poder
da Ummah, isto é, da comunhão prática dos muçulmanos mediante uma
fraternidade que transcende os limites territoriais. Tão grande novidade
trazida por Muhammad numa península arábica violentamente dividida em
tribos, possibilitou a coesão dos fiéis da nova crença fazendo com que
pouco tempo após a sua morte uma grande parte do mundo conhecido
estivesse sob o poder dos minaretes.
Muhammad sabia
que para a sobrevivência da sua fé era necessária a profunda mudança de
mentalidade por parte dos árabes convertidos. A primeira Ummah que se
consolidou em Medina foi marcadamente simbolizada pelo espírito de paz e
comunhão. Entretanto, após a morte de Maomé e com o fim do califado dos
rashidun, isto é, quando este fora guiado pelos quatros companheiros de
Muhammad, Abu Bakr, Umar ibn al-Khattab, Uthman ibn Affan e, por fim, o
grande Ali ibn Abi Talib, iniciou-se um período de expansão ainda mais
amplo com os omíadas. Durante essa etapa as conversões ao islamismo eram
desencorajadas entre os dhimmis - os judeus e cristãos que viviam no
território islâmico - e os muçulmanos viviam em cidades quase
inteiramente cristãs, como Jerusalém. As conversões, quando ocorriam,
ainda tinham um forte caráter étnico. Havia, de certa forma, uma
confusão entre islamismo e arabismo. Os neo-convertidos eram, portanto,
associados a alguma tribo árabe acarretando que fossem, quase
naturalmente, ainda vistos como cidadãos de segunda classe. A discussão
terminou com o fim do regime omíada e a ascensão dos abássidas que
levavam com ele todas os clamores dos muçulmanos xiitas contra o regime
dos descendentes de Abu Sufyan.
No mundo
recente a Ummah foi fundamental para a proteção do mundo islâmico quando
da chegada das nações europeias. Os ingleses enfrentaram duras
dificuldades na sua tentativa de tomar a Índia e o Irã. Os seus esforços
se chocavam com a força da comunidade muçulmana que se unia contra os
invasores. Os britânicos buscaram, então, minar a comunhão através da
fé, com o financiamento de dois movimentos reformistas, como o bahaísmo e
ahmadiyya. Mirza Ghulam Ahmad e Mirza Husayn Ali tentaram instaurar
crenças que desconstruiriam a capacidade da Ummah de se unir contra os
kuffar, os incrédulos, mas foram incrivelmente ineficientes. Na
península arábica os ingleses também custearam outro movimento
reformista. A doutrina de Muhammad ibn Abd al Wahhab foi rapidamente
taxada pelos mais eruditos jurisprudentes islâmicos como herética. A sua
novidade estava no seu afã de purificar o islamismo de versões
corrompidas: o muçulmano poderia sim emitir um takfir, um julgamento
sobre a fé do outro. Esse tipo de comportamento atacava o cerne da
Ummah, da comunhão entre os fiéis. Se era permitido dizer quem era bom
ou mau muçulmano, a comunidade islâmica corria o risco de entrar em
profunda crise. Ademais, para Muhammad al Wahhab os turcos, senhores do
Oriente Médio e de Meca e Medina, eram exemplos máximos da degeneração
do islamismo. Assim, era fundamental que os bons muçulmanos se
levantassem contra os otomanos. Quão feliz foi para a Inglaterra essa
novidade. Da junção de Wahhab com a família Saud, que na época era
salteadora de caravanas, surgiu a moderna Arábia Saudita.
A Ummah,
entretanto, ainda hoje mostra o seu poder e eficiência. Para o muçulmano
de fé a agressão da comunidade islâmica é proporcional aos sacrilégios
eucarísticos para o católico. Esse senso de pertença protegeu o
islamismo ainda na época de Maomé e foi o fator de unificação das tribos
árabes. Através desse processo a crença de Muhammad se expandiu e
conquistou a Ásia, a África e chegou até a Espanha e no ápice do Império
Turco-Otomano em terras austríacas. A Ummah foi historicamente
fundamental e até hoje é o que possibilita aos muçulmanos se unirem
quase automaticamente quando uma parte dessa grande comunidade é
agredida.
2 comentários:
QUO VADIS
Alô amigos,mais cristãos mortos em ataque À IGREJA na NIGÉRIA.
http://www.lefigaro.fr/flash-actu/2012/11/25/97001-20121125FILWWW00090-attentat-dans-une-eglise-au-nigeria.php
abraços
SHAMI
A tal "pedra negra" Kaaba, está incrustada no que parece ser uma enorme vagina. Os islâmicos deveriam respeitar as mulheres e assim não teriam tanto ódio em seus corações e mentes.
PS: Maomé para converter os árabes se apossou da Kaaba invadindo Meca.
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