segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Grupo brasileiro reuniu-se com o Hezbollah em visita ao Líbano

Nota do blog: Reproduzimos na íntegra uma notícia do dia 13/12/2013 publicado pelo Irã News, uma clara amostra da relação da esquerda brasileira com os terroristas do Hezbollah. Leiam com atenção os trechos que destacamos em negrito.

Grupo brasileiro reúne-se com o Hezbollah em visita ao Líbano

Apoiadores do Hezbollah homenageiam o partido, também chamado de Movimento Libanês de Resistência Islâmica, em 2010, com uma marcha que marcou os quatro anos da vitória sobre Israel, na guerra de 2006. (Associated Press)

Por Lejeune Mirhan*

No segundo dia de nossa viagem à Beirute, no sábado, dia 1º de dezembro, fomos ao encontro do Hezbollah que, apesar do nome, “Partido de Deus”, é um partido político como outro qualquer, possui vários deputados e três ministros no governo libanês, e integra a Frente “8 de Março”. Não foi tarefa fácil chegar até ele, mas a experiência que vivemos foi extremamente gratificante.

Quem estuda o Oriente Médio e o Líbano, como tenho feito há mais de 30 anos, conhece e acompanha as ações do Hezbollah. Essa organização partidária, ainda que de fundamentos religiosos, tem atuado na defesa da soberania libanesa desde que foi fundada, em 1984, há 29 anos. 

Seu nome oficial é Movimento Libanês de Resistência Islâmica. Surge depois que Israel, de política expansionista apoiada pelos EUA, que ocupou todo o sul do Líbano, em 1982, tendo chegado até a capital, Beirute. Nessa época, era ministro da Defesa o general Ariel Sharon – então do Likud, partido direitista – que depois fundaria o Kadima. Desde 2005 esse sionista histórico encontra-se em coma e vive como um vegetal.

Nosso encontro estava previamente marcado para 10h30 e seria realizado em uma das sedes do partido, na região de Beirute, onde é extremamente forte, de população majoritariamente xiita. Ao chegarmos, uma espécie de ministério das relações exteriores e diplomáticos do partido, nos deparamos com um camarada libanês que falava português fluente e seria nosso tradutor. Chamou-me a atenção quando, ao eu alegrar-me por ver um libanês falando nossa língua me disse, com uma ponta de orgulho no peito: “o Hezbollah fala todas as línguas”.

Nosso encontro foi com Mohammad Obeid, secretário político e de Relações Diplomáticas do partido. Nunca soube que posição hierárquica ele teria na organização, mas, pelas instalações que visitamos, pela cobertura feita do encontro pela emissora Al-Manar, pelos cinco dirigentes do partido presentes, me pareceu um quadro nacional da organização. Ainda hoje, é bom que todos saibam, esse Partido da resistência é considerado pelos Estados Unidos como uma organização “terrorista”.

Previsto para durar apenas meia hora, o agradável encontro estendeu-se até 12h30. Em um primeiro momento fiz as apresentações da nossa comitiva, entregando-lhe o manifesto de entidades brasileiras em solidariedade à Síria, na versão árabe, bem como cópia de nosso artigo para a revista Princípios. Feito isso, ele passa a discorrer sobre a “batalha da Síria” e a total solidariedade que o Partido dele presta ao povo e ao governo do país vizinho.

Falou do envio de militantes e combatentes para além da fronteira sírio-libanesa para combater os terroristas financiados pelo imperialismo, por países árabes, pela Turquia e apoiados por Israel, que quer destruir a Síria e derrubar o seu governo laico e anti-imperialista. Disse que faziam esse movimento nem tanto pela Síria, mas pelo Líbano, pois se derrubado fosse o governo sírio, o alvo em seguida seria seguramente o próprio Líbano.

Disse que a linha política que o Partido tem adotado é estabelecer alianças amplas, sejam entre comunistas, socialistas, patriotas de toda e qualquer religião, sem discriminação. Que o Hezbollah apoia a paz na Síria, os acordos para que o Irã tenha o direito à sua energia nuclear pacífica. Que gostaria de ver a Conferência de Genebra 2 ser realizada e ter sucesso.

Refutou o que a mídia chama de “muçulmanos fundamentalistas” aos terroristas que combatem na Síria. Disse que esses não são e nunca foram muçulmanos. Alertou que o Corão proíbe violência contra famílias, em especial crianças, jovens, mulheres e idosos. Mesmo em combate, há regras que precisam ser observadas, como o respeito aos prisioneiros.
Nos chamou a atenção a sua menção ao fato que terroristas apareceram na mídia comendo corações e fígados de soldados o exército sírio que foram capturados e mortos. Ele disse que pensava que costumes da idade das trevas estavam abolidos, mas que havia se enganado.

Registrou a opinião muito parecida com as posições que o PCdoB acaba de aprovar em seu 13º Congresso, qual seja, que o imperialismo ainda que siga forte, encontra-se decadente. Mohammad usou uma expressão que, ao ser traduzida, arrancou risadas de todos os presentes. Os dirigentes do Irã, desde Khomeini e o Hezbollah, chamam os EUA de “o grande satã”. Ele nos disse que “os chifres de satã não estão quebrados, mas encontram-se bem torcidos”. Em uma alusão à situação de fraqueza dos EUA que sequer conseguiram atacar unilateralmente a Síria. Vitória dos povos e dos combatentes de todo o mundo.

Agradeceu imensamente a nossa visita. Falou também da importância do Brasil. Agradeceu o convite para participar de nosso Congresso do Partido, onde justificou a ausência. Falou que em função das perseguições que vivem em todo o mundo, têm dificuldades de manter escritórios de representação política em alguns países. Disse que quando precisarmos de interlocução, o Hezbollah entrará em contato. Convidou-nos para fazer nova visita, com mais tempo, ao Líbano, e convidou imediatamente a UJS a participar do encontro mundial em junho de 2014, de jovens revolucionários de todo o mundo.

Houve, por fim, outro momento descontraído da reunião. Nosso camarada Edson de Paula tem sua marca: uma pequena barbicha de cerca de cinco centímetros. Mohammad nos contou que algumas poucas cidades na Síria que ainda se encontram controladas pelos terroristas fundamentalistas, todos os homens que não possuem barbas ficam na cadeia até que ela atinja a cinco centímetros. Aí o dirigente do Hezbollah brincou com nosso camarada que ele poderia ficar tranquilo, pois ele sequer iria para a cadeia com aquela barba.

Ao final, a delegação brasileira solicitou a possibilidade de conhecer a região montanhosa do sul do Líbano, ocupada por Israel por pelo menos 18 anos (1982 a 2000). Após consultas entre os cinco libaneses presentes em árabe, ele nos disse que dois carros com dirigentes partidários iriam nos conduzir a uma região chamada de Iqlim Al Tuffah, uma das colinas onde era a base central da resistência e da guerrilha libanesa contra a ocupação israelense. Ficamos imensamente felizes.

Sul do Líbano
Saímos por volta das 13h. Tivemos que passar na casa de um dos companheiros, o tradutor, cujo nome de guerra era simplesmente “Armando”. Nunca soubemos o nome dos outros e nem uma foto pudemos fazer na sede internacional do Partido. Tínhamos que pegar casacos. Apesar do escaldante sol de 30 graus, a região escurece 16h30 e começa um frio de 10º. “Armando” nos com cinco camaradas nossos e o motorista que também tinha morado no Brasil e falava o português fluente. Outro carro nos acompanhou o tempo todo.

Trouxe-nos muitas garrafas de água, vários casacos, sucos e bolachas, pois só almoçaríamos por volta das 18h no retorno de nosso destino. Aqui a grande surpresa: iríamos conhecer Mleeta. O maior museu a céu aberto do mundo. Todas as colinas onde os guerrilheiros libaneses usavam para combater Israel foi transformado em museu.

Eles chamam a região de um Centro Turístico, mas “turismo da resistência”. Aqui faço um parênteses. Temos feitos Missões de Solidariedade, tanto à Palestina (foram duas e vamos na terceira em março ou maio a confirmar) e uma para a Síria. Em meus 20 anos de docente em universidade por pouco tempo lecionei uma especialidade da Sociologia, chamada de “Turismo”. Lá usava o termo “turismo de solidariedade”. Agora deparo-me com o “turismo da resistência”. Muito interessante.

Mleeta possui um projeto urbanístico e arquitetônico muito bonito e funcional. Todas as grutas e cavernas usadas pelos guerrilheiros, foram preservadas, restauradas e encontram-se para visitação pública com guia falando o árabe, com traduções. Dezenas de milhares de pessoas para lá acorrem todos os anos, desde 25 de maio de 2010, quando, nas comemorações dos 10 anos da expulsão de Israel da região, ele foi inaugurado. É uma reserva natural. Tudo lá está preservado e conservado. O terreno tem mais de 60 mil metros quadrados, dos quais cinco mil de áreas construídas. Fomos conduzidos, logo que chegamos, à sala de autoridades. O diretor nos recebeu – também ele não pode ser fotografado.

Fomos levados a um anfiteatro, com sala de projeção para mais de 200 pessoas. Um filme de dez minutos foi passado, narrado em árabe e com legendas em português. Houve traduções por parte do “Armando”. Muito bem feito. Mostra a guerrilha libanesa, as derrotas militares de Israel. O filme mostra vários pronunciamentos do maior líder do Partido, o sheik Hassan Nasralláh. Depois visitamos a parte fechada do museu. Dezenas de amostras de armas apreendidas do exército israelense, equipamentos de rádios. Um dos paineis ostenta frases de líderes israelenses da época, Sharon e Peres, em hebraico, árabe e inglês, onde eles reconhecem a derrota e a superioridade das forças da resistência.

Gastamos três horas visitando o museu a céu aberto. Precisaríamos um dia inteiro. Ficamos impressionados. Consegui tirar pelo menos 150 fotos. Publico aqui uma pequena parte delas. Visitamos um túnel escavado na rocha durante três anos, obra da qual participaram mil pessoas (não ao mesmo tempo). Deve ter sido duro escavar túneis e ao mesmo tempo combater com armas em punho. Os vietnamitas fizeram muito isso também.

Nesse túnel, existem compartimentos que eram dormitórios, sala de orações, sala de provimentos, sala de armamentos. Me chamou a atenção a sala de comando militar. Eles preservaram tudo, inclusive os velhos computadores, mapas nas mesas. Uma caixa de som reproduz sons da época de tiros de metralhadora ao fundo, helicópteros sobrevoando, aviões fazendo voos rasantes. Vozes dos comandantes da resistência falam em árabe. Parece que estamos vendo os chefes da resistência darem as ordens que levou à derrota do chamado “quinto maior exército do mundo”.

Por fim, nos impressionou o chamado cemitério de tanques e artefatos de artilharia israelense destruídos ou apreendidos. É claro que ali estão apenas uma pequena parte. Eles nos disseram que a maioria já foi usada como sucata. Nos contaram sobre a destruição em um só dia de 32 tanques israelenses. Eles chamam isso de “genocídio de tanques”.

Por fim, vimos um avião do tipo desses drones modernos que hoje os EUA infernizam o mundo e assassinam à distância quem eles querem. Também aqui ficamos impressionados. Os engenheiros do Hezbolláh criaram um mini avião teleguiado que sobrevoou Tel Aviv, tirou fotos e retornou ao Sul do Líbano. E está lá no museu, como uma espécie de trofeu dos resistentes libaneses.

Todos nós fizemos doações para o fortalecimento da experiência. Às 17h já estava completamente escuro. Todos os funcionários estavam apenas aguardando a nossa saída para fechar o museu/centro turístico. Por fim, passamos na sala de souvenires adquirimos algumas lembrancinhas desse local que ficará guardado para o resto das nossas vidas em nossa memória.

Ganhamos uma lembrança, que adorna a minha mesa de trabalho no meu escritório em casa em Campinas: um relógio com muitas bandeiras libanesas e do Hezbolláh perfiladas ao fundo.

Deixamos no livro de dedicatórias nossas mensagens de solidariedade a esse povo aguerrido, que é o libanês, bem como aos camaradas e combatentes do Hezbolláh, que cumpre hoje papel fundamental na defesa do Líbano e da sua soberania, bem como ajuda a todos que combatem o imperialismo em plano mundial.

*Lejeune Mirhan é sociólogo e colaborador do Portal Vermelho

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