sábado, 14 de janeiro de 2012

A Irmandade Muçulmana e o Tratado de Paz Egito-Israel


O presidente americano Barack Obama é extremamente "ingênuo" sobre a expansão da Irmandade Muçulmana no Oriente Médio. Esta é a conclusão do Conselho de Segurança Nacional de Israel.

Em seu relatório o Conselho mostra preocupação com a vitória da Irmandade nas eleições do Egito e especialmente com as declarações de seus líderes. O segundo em comando Dr. Rashad Bayumi disse no domingo passado que a Irmandade nunca reconhecerá Israel e irá trabalhar para rever o tratado de paz. Ele disse ainda que nenhum membro da Irmandade terá qualquer contato ou relações com Israel. A Irmandade junto com o partido radical islamico al-Noor deverão controlar 60% do parlamento egípcio.

A ascenção das forças islâmicas jihadistas no Egito colocam os Estados Unidos e as potências ocidentais numa posição muito desconfortável. Os Estados Unidos são os garantidores do tratado de paz entre Israel e o Egito que tem como base o conceito de terra-por-paz. Em 1982 Israel deu o Sinai ao Egito e em troca recebeu um papel assinado que os egípcios não mais fariam a guerra. Agora que os jihadistas estarão no poder, o tratado será provavelmente revogado.

A pergunta é se isso de fato acontecer, será que os Estados Unidos irão exigir que o Egito devolva o Sinai para Israel? Isto parece absurdo mas se a administração Obama ou qualquer outra administração Americana não fizer esta exigência e a Europa não apoia-la, então todo o conceito de terra por paz será exposto como uma farsa, uma ficção.

Primeiro, este conceito propõe falsamente que o processo de paz é uma via de duas mãos. Um toma lá dá cá. Israel dá a terra, os árabes dão a paz. Mas a inevitável morte do acordo de paz com o Egito mostrará que ele é uma estrada de mão única. O que Israel entrega não tem retorno enquanto que as obrigações de paz dos árabes podem ser revogadas a qualquer tempo.

E aí temos as supostas inquebrantáveis garantias de segurança dadas pelos Estados Unidos e Europeus que acompanham a assinatura destes tratados. Todas as promessas feitas a Israel, que eles ficarão do lado do estado judeu quando ela se arrisca pela paz – serão expostas pelo que são: mentiras inúteis. Ninguém irá se levantar pelos direitos de Israel ou lembrar aos egípcios que devem honrar sua palavra.

E agora que a Irmandade Muçulmana foi democraticamente eleita no Egito e outros países do Oriente Médio, a mídia e representantes de governos ocidentais, ficam insistindo que estes movimentos anti-democráticos, anti-semitas e anti-Israel, de repente, depois de eleitos, se tornaram moderados e pragmáticos. Obama é um que está fazendo de tudo para mostrar favores à Irmandade Muçulmana.

O jornal National Review Online reportou no dia 31 de dezembro último que Obama teria recrutado o líder espiritual da Irmandade, Sheikh Yussuf Qaradawi para intermediar negociações secretas dos americanos com os Talibãs.

Este é o mesmo Qaradawi que voltou do exílio para destituir Hosni Mubarak e liderou os manifestantes na praça Tahrir chamando-os para invadir Jerusalem. Em 2009 ele conclamou os muçulmanos a completarem o objetivo de Hitler e erradicar o povo judeu.

Tanto a Irmandade Muçulmana quanto os salafistas se contentam em dizer em termos muito gerais o que a mídia ocidental e seus políticos querem ouvir: que eles irão manter o acordo de paz com Israel. Mas em árabe, eles consistentemente prometem ao seu povo a destruição de Israel e a abolição do tratado de paz.

Mas mesmo para o ocidente estes grupos começaram a dizer que irão rever o acordo, emendá-lo e impor novas condições. Hoje mesmo, o representante da Irmandade Muçulmana no Egito deixou claro que as declarações da Casa Branca sobre o acordo de paz não eram verdadeiras. Ele disse que o acordo com Israel não é "Santo" e "deve e será revisto". Assim, se novas e impossíveis condições não forem aceitas por Israel, a abolição do tratado estará justificada e a culpa será do estado judeu. Isto acontecerá na primeira oportunidade. Marquem estas palavras.

É possível mas pouco provável que os Estados Unidos cortem a ajuda ao Egito se anular o tratado de paz com Israel. Mas é meio impossível acreditar que os Estados Unidos, como garantidores do tratado, irão exigir que o Egito retorne o Sinai a Israel.

É importante manter esta infeliz situação em mente quando analisamos o que ocorre com as propostas de terra por paz entre Israel e a Autoridade Palestina. Esta semana, depois de meses de intensa pressão dos Estados Unidos e União Européia, negociadores palestinos e israelenses se encontraram na Jordania. Os palestinos submeteram sua proposta de fronteiras e segurança e os israelenses devem responder na semana que vem.

Há várias razões pelas quais estas novas negociações irão falhar. A razão mais importante é que mesmo se houver um acordo, ele não sobreviverá. Vamos assumir que Abbas deixe de lado o problema dos refugiados que ele prometeu trazer para dentro de Israel e aceite dar a paz em troca da Judeia, Samária e Jerusalem. Abbas não representa ninguém hoje. Seu mandato terminou há 3 anos e o Hamas ganhou as últimas eleições palestinas em 2006. O mesmo Hamas, que como a Irmandade Muçulmana, nunca escondeu que sua razão de ser é de destruir Israel. 

Nesta semana, Ismail Hanyeh, líder do Hamas, em sua visita ao Cairo disse que “a resistência islâmica do Hamas é por definição um movimento jihadista com origem na Irmandade Muçulmana, Palestina na superfície, Islâmica no seu fundo e seu objetivo é a liberação do Jordão ao Mediterrâneo”.

Com seus colegas tomando o poder do Cairo a Casabranca, é difícil de imaginar um cenário no qual a Fatah irá ganhar as eleições palestinas. E é por causa disso que Abbas tem tentado fazer um acordo de união com o Hamas. No melhor dos casos de uma paz com Abbas, Israel será obrigada a sair da Judéia, Samária e Jerusalém, expelindo meio milhão de israelenses de suas casas. O Hamas então tomará o poder e abolirá este tratado.

Se isto está tão claro, então qual é o objetivo do Quarteto, trabalhando tão duro neste momento tão instável para conseguir um acordo que eles sabem não será respeitado pelos palestinos? No caso de algumas das partes, como as Nações Unidas, o objetivo óbvio é o de enfraquecer Israel. 

Vejam só: apesar de Israel ter deixado 8 mil famílias judias sem-teto ao sair da Faixa de Gaza em 2005 e aturado mísseis, bombas e sequestros de soldados nestes últimos 6 anos e meio, num relatório em setembro, a ONU rotulou Israel como ocupador de Gaza. E de acordo com esta ficção, a organização, junto com os Estados Unidos e Europa, continuam a responsabilizar Israel pelo bem-estar da Faixa.

Imaginem: o Hamas nega que Gaza esteja sob a ocupação israelense mas a ONU não!

O Hamas, a Irmandade Muçulmana e a Fatah sabem que podem falar a verdade sobre seu comprometimento com a destruição de Israel sem qualquer repercussão. Eles sabem que o ocidente não irá ouvi-los. Não haverá qualquer preço a ser pago por sua duplicidade. Ao contrário eles sabem que serão premiados por ela.

Há 19 anos, desde a inauguração deste conceito de terra por paz, que os palestinos mostram sua má-fé. As entregas de terra por Israel foram consistentemente pagas com um aumento de terrorismo. Desde 1996, as forças de segurança palestinas têm sido treinadas pela América e Europa apesar de terem voltado suas armas para matar israelenses, de suas contínuas ameaças de destruição de Israel e seu envolvimento com o terrorismo. E com isso tudo, a América e a Europa continuam a treinar os palestinos e a exigir que Israel ceda mais território.

Em nenhum momento ouvimos que a América ou a Europa consideraram acabar com seu apoio aos palestinos ou tentar outra coisa que não esta ficção de terra por paz.

Para entender como isto é tudo uma idiotice basta ver o que aconteceu no Cairo esta semana. Ou o que não aconteceu. Não ouvimos uma só voz em todo o Egito ou no ocidente exigindo o respeito ao tratado de paz com Israel.

Chegou a hora de admitirmos a verdade. Terra por Paz é uma roleta russa e Israel é a única que está jogando. 


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