quinta-feira, 25 de outubro de 2012

As dez mulheres que abalaram o Paquistão


Jacques Nunes

O recente atentado contra a vida de, Malala Yousafzai, à ativista de 14 anos de idade que luta pelo direito a educação, levantou em todo o Paquistão e no mundo, questões sobre a segurança dos ativistas no país islâmico.

Mas, infelizmente, Malala não é a única vítima do ódio dos fundamentalistas. O jornalista paquistanês, exilado em Washington, Malik Siraj Akbar, listou em artigo, as mulheres que, assim como a pequena Yousafzai, sofreram terrivelmente por defender aquilo em que acreditam em uma terra de intolerância. São mulheres que foram vítimas dos bárbaros costumes locais, ou que contra qualquer expectativa lutaram por uma vida melhor para si e para todas as paquistanesas. Histórias que envolve estupros, assassinatos, agressões, e que demonstram uma cultura de discriminação e impunidade. Eis as "dez mulheres que abalaram o Paquistão":

Malala
Malala Yousafzai: No dia 9 de outubro, homens do Taliban interceptaram uma van escolar cheia de meninas e dispararam contra Malala Yousafzai. Os tiros acertaram na cabeça e no pescoço. Malala despertou o ódio terrorista com suas mensagens publicadas em seu blog na BBC, no qual relatava a dificuldade para que mas meninas, do Vale de Swat, onde residia, pudessem ter acesso a educação. O grupo terrorista, Taliban, considera a educação de mulheres, como anti-islâmica, e destruíram quase todas as escolas femininas da região. Segundo a revista Time, entre os anos de 2007 e 2009, foram destruídas 473 escolas. Malala passou a ser a voz que clamava e denunciava esse absurdo, ela encontrou-se pessoalmente com altos funcionários do governo paquistanês e até com diplomatas americanos, onde pediu ajuda de todos, para que as meninas possam ter uma educação digna. A menina segue internada em um hospital na Inglaterra e o Taliban prometeu matá-la caso sobreviva.

Ramsha Masi: É uma adolescente paquistanesa que sofre de Síndrome de Down, e que foi detida pelas autoridades de Islamabad sob a acusação de "crime de blasfêmia" em agosto de 2012, por supostamente ter queimado páginas do Alcorão. Com a comprovação do crime, a pena para a blasfêmia é a morte. O caso de Ramsha mostrou mais uma vez como vivem vulneráveis as minorias religiosas paquistanesas, onde qualquer um pode ser subjugado por clérigos muçulmanos sob a Lei da Blasfêmia. Descobriu-se posteriormente que um clérigo plantou provas para acusá-la. Mesmo livre, a segurança da menina é uma preocupação, pois pode ser morta a qualquer momento.

Sharmeen recebendo a premiação
Sharmeen Obaid Chinoy: Cinesta, levou orgulho a seu país em 2012, tornando-se o primeiro paquistanês a ganhar um Oscar. A coragem de, Saving Face, seu premiado filme, surpreendeu o mundo ao expor o fenômeno desprezível dos ataques com ácido contra as mulheres. O filme chamou à atenção internacional, para a prática, até então, para muitos desconhecida, de lançar ácido nos rostos das mulheres que fizerem algo que desagrade seus maridos, pais, parantes homens e militantes do Taliban, ou caso façam algo contrário as leis islâmicas.

Rankil Kumari: O caso desta menina hindu de 17 anos chamou à atenção pública para outra prática, comum e inquietante: à conversão forçada de meninas não-muçulmanas, e seus posteriores casamentos forçados com muçulmanos. Em 24 de fevereiro de 2012, um influente político muçulmano, sequestrou Rankil de sua residência na província de Sindh. Quando ela apareceu depois de alguns dias, as autoridades informaram que ela "de bom grado" havia abraçado o Islã e se casado com um homem muçulmano, o que foi desmentido pela família e pela própria garota. A comunidade hindu, afirma conviver diariamente com a insegurança no Paquistão, onde a cada mês, cerca de 25 meninas são sequestradas, forçadas à abraçarem o Islã e depois são casadas com homens muçulmanos. De acordo com uma estimativa, 300 meninas hindus são convertidas a força no Paquistão a cada ano.

A cristã Asia Bibi
Asia Bibi: É uma cristã que tornou-se vítima da Lei de Blasfêmia. Em novembro de 2010, um tribunal de Punjab condenou-a à morte por cometer "blasfêmia" contra o Islã. Seus advogados recorreram da sentença, no entanto, o processo ainda corre na corte superior. O caso de Asia Bibi, também demonstra a improbabilidade da abolição, ou reforma, da Lei de Blasfêmia. Salmaan Taseer, governador de Punjab, foi morto por seu próprio guarda-costas depois de ter defendido publicamente a cristã, propondo a revisão dessa lei draconiana. Shahbaz Bhatti, também foi assassinado por lutar contra a Lei de Blasfêmia e por defender, Asia Bibi. Essas mortes calaram o debate sobre a essa infame lei, e a cristã, segue sem destino certo, tendo ainda a ameaça de que será assassinada caso seja absolvida.

Chand Bibi: Em abril de 2009, um vídeo publicado no Youtube, mostrou o Taliban açoitando publicamente uma garota de 17 anos de idade, era Chand Bibi. O vídeo chocou o mundo ao expor o bárbaro "sistema de justiça" da Sharia, a lei islâmica, aplicado pelo grupo terrorista. Conforme o próprio Taliban, a jovem, foi acusada de adultério e como pena por seu crime, foi condenada ao açoitamento público. A reação ao vídeo foi tão intensa que serviu de pretexto para o exército paquistanês realizar uma operação contra os Talibãs no Vale do Swat.

As meninas de Baba Kot: Em agosto de 2008, a Asian Human Rights Commission (AHRC) informou que cinco meninas haviam sido baleadas e enterradas vivas, sob ordens de um poderoso líder tribal de Baba Kot, cidade da província do Baluchistão. As cinco meninas, cujo o número é muitas vezes contestado, foram enterradas vivas por terem optado casar por amor, ao invés de aceitar os casamentos arranjados por suas famílias. Quando a tragédia foi noticiada na mídia, desencadeou um grande clamor público em repúdio ao crime. No entanto, um senador paquistanês, defendeu a terrível ação publicamente no senado alegando que "faz parte do nosso costume tribal". Os autores dos assassinatos nunca foram punidos. Todos os anos, centenas de meninas são mortas em nome da honra, principalmente por familiares do sexo masculino.

Benazir Bhutto
Benazir Bhutto: Ela inspirou uma geração inteira de mulheres muçulmanas em 1988, quando com 35 anos, tornou-se a primeira mulher muçulmana a chefiar um governo. Benazir foi eleita por duas vezes para o cargo de primeiro-ministro do Paquistão, tornando-se um símbolo de coragem feminina. Em 27 de dezembro de 2007, Bhutto foi assassinada durante um comício na cidade de Rawalpindi. Apesar de uma investigação comandada pelas Nações Unidas, nunca descobriram os responsáveis pelo assassinato.


Dra. Shazia Khalid: Uma prestigiada médica, que tinha 32 anos quando foi estuprada em 2 de janeiro de 2005 no rico Sui, por um capitão do exército paquistanês. O exército, sob orientação do general, Pervez Musharraf, fez de tudo para acobertar o caso, mas o incidente acabou sendo divulgado pela mídia e causando revolta na tribo Bugti, já que o crime ocorreu em seu território. O general Musharraf, declarou publicamente por diversas vezes que seu capitão era "100% inocente". O episódio serviu de pretexto para o incio do conflito entre a tribo Baloch e o exército, uma guerra que perdura até hoje. O exército nunca levou o capitão responsável pelo estupro a julgamento, e diante das ameaças de morte, Dra. Khalid fugiu para a Inglaterra.

Mukhttaran Mai
Mukhttaran Mai: Foi vítima de outro tipo de abuso imposto as mulheres paquistanesas, o estupro em grupo por ordem de um conselho islâmico. Em junho de 2002, um conselho tribal na província de Punjab, ordenou o estupro. A jovem foi obrigada a desfilar nua na frente de centenas de pessoas e estuprada pelos homens da tribo. Mas, ao contrário da maioria das vítimas desse crime, Mai escolheu falar e iniciou uma batalha jurídica para que seus estupradores fossem punidos. Sua coragem foi tanta que perturbou o ex-ditador militar do Paquistão, Pervez Musharraf, que chegou a colocar o nome de Mai no Pakistan's Exit Control List (ECL), a lista negra como nomes de pessoas proibidas a deixar o país. Masharraf temia que se ela contasse sua história no exterior a imagem do país ficasse manchada. Mai também foi proibida de falar com seu advogado. A "Glamour Magazine" classificou Mai como "a mulher mais corajosa do mundo" e elegeu-a à "Mulher do ano de 2005". Desde então, Mukhttaran Mai, tornou-se modelo para as mulheres paquistanesas. Ela criou uma organização para ajudar as mulheres das áreas rurais.

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