Jacques Nunes
O recente
atentado contra a vida de, Malala Yousafzai, à ativista de 14 anos de idade que
luta pelo direito a educação, levantou em todo o Paquistão e no mundo, questões
sobre a segurança dos ativistas no país islâmico.
Mas, infelizmente,
Malala não é a única vítima do ódio dos fundamentalistas. O jornalista
paquistanês, exilado em Washington, Malik Siraj Akbar, listou em artigo, as
mulheres que, assim como a pequena Yousafzai, sofreram terrivelmente por
defender aquilo em que acreditam em uma terra de intolerância. São mulheres que
foram vítimas dos bárbaros costumes locais, ou que contra qualquer expectativa
lutaram por uma vida melhor para si e para todas as paquistanesas. Histórias
que envolve estupros, assassinatos, agressões, e que demonstram uma cultura de
discriminação e impunidade. Eis as "dez mulheres que abalaram o
Paquistão":
Malala |
Ramsha Masi: É
uma adolescente paquistanesa que sofre de Síndrome de Down, e que foi detida
pelas autoridades de Islamabad sob a acusação de "crime de blasfêmia"
em agosto de 2012, por supostamente ter queimado páginas do Alcorão. Com a
comprovação do crime, a pena para a blasfêmia é a morte. O caso de Ramsha
mostrou mais uma vez como vivem vulneráveis as minorias religiosas
paquistanesas, onde qualquer um pode ser subjugado por clérigos muçulmanos sob
a Lei da Blasfêmia.
Descobriu-se posteriormente que um clérigo plantou provas para acusá-la. Mesmo
livre, a segurança da menina é uma preocupação, pois pode ser morta a qualquer
momento.
Sharmeen recebendo a premiação |
Rankil Kumari: O
caso desta menina hindu de 17 anos chamou à atenção pública para outra prática,
comum e inquietante: à conversão forçada de meninas não-muçulmanas, e seus
posteriores casamentos forçados com muçulmanos. Em 24 de
fevereiro de 2012, um influente político muçulmano, sequestrou Rankil de sua
residência na província de Sindh. Quando ela apareceu depois de alguns dias, as
autoridades informaram que ela "de bom grado" havia abraçado o Islã e
se casado com um homem muçulmano, o que foi desmentido pela família e pela própria
garota. A comunidade hindu, afirma conviver diariamente com a insegurança no
Paquistão, onde a cada mês, cerca de 25 meninas são sequestradas, forçadas à
abraçarem o Islã e depois são casadas com homens muçulmanos. De acordo com uma
estimativa, 300 meninas hindus são convertidas a força no Paquistão a cada ano.
A cristã Asia Bibi |
Chand Bibi: Em
abril de 2009, um vídeo publicado no Youtube, mostrou o Taliban açoitando
publicamente uma garota de 17 anos de idade, era Chand Bibi. O vídeo chocou o
mundo ao expor o bárbaro "sistema de justiça" da Sharia, a lei
islâmica, aplicado pelo grupo terrorista. Conforme o próprio Taliban, a jovem,
foi acusada de adultério e como pena por seu crime, foi condenada ao
açoitamento público. A reação ao vídeo foi tão intensa que serviu de pretexto
para o exército paquistanês realizar uma operação contra os Talibãs no Vale do
Swat.
As meninas de
Baba Kot: Em agosto de 2008, a Asian Human Rights Commission (AHRC) informou
que cinco meninas haviam sido baleadas e enterradas vivas, sob ordens de um
poderoso líder tribal de Baba Kot, cidade da província do Baluchistão. As cinco
meninas, cujo o número é muitas vezes contestado, foram enterradas vivas por
terem optado casar por amor, ao invés de aceitar os casamentos arranjados por suas
famílias. Quando a tragédia foi noticiada na mídia, desencadeou um grande
clamor público em repúdio ao crime. No entanto, um senador paquistanês,
defendeu a terrível ação publicamente no senado alegando que "faz parte do
nosso costume tribal". Os autores dos assassinatos nunca foram punidos.
Todos os anos, centenas de meninas são mortas em nome da honra, principalmente
por familiares do sexo masculino.
Benazir Bhutto |
Dra. Shazia Khalid: Uma prestigiada médica, que tinha 32 anos quando foi estuprada em 2 de janeiro de 2005 no rico Sui, por um capitão do exército paquistanês. O exército, sob orientação do general, Pervez Musharraf, fez de tudo para acobertar o caso, mas o incidente acabou sendo divulgado pela mídia e causando revolta na tribo Bugti, já que o crime ocorreu em seu território. O general Musharraf, declarou publicamente por diversas vezes que seu capitão era "100% inocente". O episódio serviu de pretexto para o incio do conflito entre a tribo Baloch e o exército, uma guerra que perdura até hoje. O exército nunca levou o capitão responsável pelo estupro a julgamento, e diante das ameaças de morte, Dra. Khalid fugiu para a Inglaterra.
Mukhttaran Mai |
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