Roma, (Zenit.org) John Flynn, LC |
O conflito continua na Síria e em outros países, que experimentaram uma mudança de regime, como o Egito, o destino dos cristãos continua a ser motivo de grande preocupação.
Em setembro do ano passado, o Arcebispo Ibrahim disse à Reuters que "os cristãos foram atacados e seqüestrados de forma monstruosa e as suas famílias pagaram grandes somas para a sua libertação".
Inicialmente as agências afirmaram que os dois arcebispos tinham sido liberados. Mais tarde, porém, Jean-Clement Jeanbart, o arcebispo greco-melquita de Aleppo, negou esta notícia (ver Asia News, 24 de abril).
No dia do seqüestro, 22 de abril, a Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) publicou um dossier especial intitulado Proteger e promover a liberdade religiosa na Síria.
Tradicionalmente, no campo religioso, a Síria é um país heterogêneo, com cerca de 22 milhões de pessoas. Os muçulmanos sunitas são cerca de 75% da população, mas subsiste uma minoria substancial de Alauítas, cristãos e Drusos.
O conflito em curso "ameaça a diversidade religiosa da Síria, porque os membros das menores comunidades minoritárias fogem do país, também em face de um futuro incerto no pós-Assad”, está escrito no dossiê.
O dossier da comissão exorta tanto os Estados Unidos como os outros países a implementarem políticas de apoio aos direitos das minorias e à liberdade religiosa.
A agência norte-americana admitiu que as condições não eram certamente idílicas nem mesmo antes do levante atual, observando que "a Síria oferecia um mínimo de liberdade religiosa, incluindo a liberdade de culto, especialmente para as minorias religiosas no país, incluindo os cristãos".
"No entanto, o governo controlava a seleção dos imãs sunitas e limitava a sua liberdade religiosa", diz o dossiê.
Além disso, o documento atribui ao regime a responsabilidade por uma política de repressão da maioria sunita, que durou décadas, e a intensificação das hostilidades entre as minorias religiosas.
Ao mesmo tempo, as comunidades religiosas que se mantiveram neutras durante as revoltas violentas, foram vistas pelas forças de oposição, como cúmplices do governo.
"Na medida em que essas fraturas sectárias se aprofundam, torna-se cada vez mais provável que as comunidades religiosas estejam na mira, não por suas alianças políticas, mas apenas por sua filiação religiosa", adverte o USCIRF.
É claro, diz o dossiê USCIRF, que "este sectarismo está em ascensão e as agressões com motivo religiosos têm sido perpetradas pelo regime de Assad e pelos seus delegados, bem como, às vezes, pelas forças de oposição que apontam para sua queda, causando graves violações da liberdade religiosa".
"Essas violações também ameaçam a diversidade religiosa da Síria com a crescente probabilidade de violência com motivo religioso e constantes retaliações numa Síria pós-Assad, onde as minorias religiosas são particularmente vulneráveis", diz o dossiê.
O Egito é outro país onde os cristãos são ameaçados. Há um temor de que a Constituição apenas aprovada não seja capaz de proteger os direitos dos cristãos, como destaca um serviço da BBC do dia 3 de janeiro.
Uma mãe egípcia e seus sete filhos foram condenados a penas de prisão pesadas por terem alterado ilegalmente os seus documentos oficiais (cfr. Russia Today, 16 de janeiro de 2013). A família queria restaurar seus nomes cristãos, após a morte de seu pai, um muçulmano.
Nadia Ali Mohamed nasceu cristã, mas tinha se convertido ao islamismo, depois de se casar com Mustafa Abdel-Wahab. Com a morte de seu marido em 1991, ela queria voltar para o cristianismo.
Em 2004, depois de ter voltado a ser cristã, a família substituiu os nomes muçulmanos na própria carteira de identidade por nomes cristãos. Toda a família foi condenada a 15 anos de prisão por ter violado as leis de mudança de nome.
Enquanto isso, os grupos islâmicos continuam a atacar edifícios cristãos, sem que a polícia ou as forças de ordem se comprometam demais para prevenir estes atentados. No passado 16 de janeiro a Assyrian International News Agency disse que centenas de muçulmanos destruíram a sede dos serviços sociais, que pertencem à Igreja Copta, entoando slogans islâmicos. O edifício estava localizado na aldeia de Fanous, no distrito de Tamia, na província de Fayoum, 130 km a sudoeste do Cairo.
No início deste mês, um grupo atacou a Catedral Copta de São Marcos, atirando pedras e bombas incendiárias (cfr. New York Times, 8 de abril de 2013).
"A polícia não está fazendo nada para nos proteger ou parar a violência", disse Wael Eskandar, ativista cristão-copto. "Pelo contrário, estão ajudando ativamente os civis", a atacarem os cristãos, disse Eskandar, de acordo com o citado artigo do New York Times.
O ataque continua com vários dias de conflito, culminados em um tiroteio que matou quatro muçulmanos e um cristão.
O Papa dos coptos Tawadros II acusou o presidente Mohammed Mursi, um membro da Irmandade Muçulmana, de não protegido a catedral: o Washington Post, em um artigo do 18 de abril, o chamou de "uma crítica direta sem precedentes".
As tensões continuam, com dez pessoas mortas nas últimas semanas durante os confrontos entre Muçulmanos e Cristãos Cóptas no Egito (cfr. Al-Jazeera, 22 de abril).
Nos países do Oriente Médio as perspectivas para os cristãos continuam a ser muito problemáticas, no entanto, nem os governos ocidentais nem instituições internacionais parecem dar muita atenção para o assunto.
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