sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Embaixador líbio em Brasília diz que Al-Qaeda quer usar a Líbia para "atacar a Europa"

O embaixador da Líbia no Brasil, Salem Ezubedi, disse hoje que não renunciará ao cargo e que a Al-Qaeda está por trás do levantamento contra Muammar Kadhafi de forma a usar a Líbia para "atacar a Europa".

Ezubedi reforçou o discurso do líder líbio, Muammar Kadhafi, ao afirmar que a revolta no país é liderada pela rede terrorista Al-Qaeda. Para o diplomata, os movimentos no Leste do país, onde o governo já terá perdido o controle, começaram "pequenos e espontâneos, para expor algumas exigências sociais, semelhante ao que acontece em vários países do mundo". 

O embaixador argumentou que o objetivo dos terroristas é controlar os poços de petróleo, aeroportos e portos da Líbia e lamentou a morte de "vítimas inocentes". 

Segundo Ezubedi, os terroristas usam a população como escudo humano. "Temos provas e informações de que a Al-Qaida deseja fundar um centro de mobilidade na região leste da Líbia para atacar a Europa", afirmou o embaixador à Agência Brasil.Ebuzedi disse também que não irá demitir-se, ao contrário do que fizeram pelo menos oito diplomatas líbios que chefiavam missões nos Estados Unidos, na Índia e na China. "O abandono do cumprimento da minha responsabilidade seria uma traição ao meu país, que não seria aceite pela minha cultura nem pelo meu caráter, e (mancharia) a honra da minha família", afirmou Ezubedi, numa declaração traduzida por um funcionário da embaixada em Brasília. 

Foi a primeira declaração do diplomata desde o início da revolta popular na Líbia. Os jornalistas não foram autorizados a fazer perguntas. 

Diante da ameaça à unidade do país e às nações vizinhas e da tentativa de "transformar a Líbia numa nação terrorista", sublinhou o diplomata, o governo líbio resolveu enfrentar a situação.  

"Sentimos muito pela perda de vítimas inocentes e contamos com eles como mártires perante Alá. Sentimos muito pela necessidade de usar a violência para enfrentar esses problemas desde o início", disse. "Todos os países têm o direito de lidar contra quem representa ameaça para a sua segurança e unidade", acrescentou. 

Embaixador da Líbia no Brasil desde 2007, Ezubedi elogiou as relações diplomáticas entre a Líbia e o Brasil e afirmou que os brasileiros na Líbia estão em boa situação. "Desejo tranquilizar os cidadãos brasileiros sobre a saúde dos funcionários das empresas brasileiras. O seu retorno acontecerá o mais rápido possível", disse. 

A operação de retirada de brasileiros que trabalham para empresas privadas na Líbia está em andamento. Hoje, a estatal Petrobras informou que retirou os seus funcionários brasileiros que estavam na capital Tripoli. 

Um avião fretado pela construtora Odebrecht, com 446 pessoas a bordo, incluindo 114 brasileiros, chegou nesta quinta-feira à ilha de Malta, segundo comunicado da empresa. 

Integram o grupo 107 funcionários e familiares brasileiros, 7 funcionários da Petrobras e outros 332 trabalhadores da companhia, com familiares, de 23 nacionalidades. Permanecem na Líbia 2.749 funcionários da Odebrecht. 

De acordo com o comunicado, estão previstos, ainda para hoje, mais dois voos para Malta, com capacidade de 450 pessoas cada. A empresa já contratou também um navio com capacidade para transportar dois mil pessoas que saiu de Palermo, na Itália. A previsão é que a embarcação chegue ainda hoje a Tripoli para resgatar o restante dos funcionários que ainda estão lá.  

Ao mesmo tempo, já está no porto de Benghazi, um navio, contratado pela construtora Queiroz Galvão, para retirar 148 brasileiros que estão naquela cidade, foco do epicentro da revolta popular contra o governo de Muammar Kadhafi. O navio também irá transportar os 56 cidadãos portugueses ainda presentes em Benghazi. 

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