Os chefes dos grupos e partidos islamistas com maiores chances de chegar ao poder no Oriente Médio desfrutam no Ocidente a falsa fama de democratas e moderados. O que eles dizem sobre os direitos das mulheres, o terrorismo, Israel e seus planos expansionistas mostra quem são de verdade
Os protestos que estão derrubando ou balançando as ditaduras do Oriente Médio não foram planejados pelos fundamentalistas islâmicos, mas eles não podiam esperar oportunidade melhor para os seus desígnios. Há muito os mentores do jihadismo tentam desestabilizar os regimes que, com mão de ferro, os mantinham sob controle. Agora, preparam-se para dar o bote. A ascensão dos fundamentalistas ao poder pode se dar de duas formas: onde houver caos, como na Líbia, tentarão ocupar o vácuo de poder à força; onde houver transição política com eleições, como está prometido no Egito e na Tunísia, farão uso dos instrumentos da democracia para cumprir sua agenda liberticida. Para essa fórmula dar certo, dissimulam a retórica de totalitarismo religioso sob um verniz de moderação. Dependendo da audiência, dizem aceitar eleições democráticas, criticam a perda de vidas inocentes em ataques terroristas e pregam a convivência pacífica entre as religiões. Vendem-se, assim, como democratas, reformistas e modernos. O discurso é outro quando falam em árabe e se dirigem aos seus conterrâneos.
O egípcio Yusuf al Qaradawi, um dos líderes da Irmandade Muçulmana, é um mestre dessa encenação que ilude apenas os analistas mais toscos no Ocidente. Ele passou por moderado ao condenar os ataques terroristas contra os Estados Unidos em 2001. No ano passado, mostrou o que realmente pensa ao afirmar em um programa da rede de TV Al Jazira, da qual é apresentador, que os muçulmanos deveriam ter armas nucleares para “aterrorizar seus inimigos” - leia-se o Ocidente. “Qaradawi, considerado o relações-públicas do Islã, adota a postura de médico ou de monstro, conforme a plateia”, afirma o americano Lee Smith, autor do livro O Cavalo Forte - Poder, Política e o Choque das Civilizações Árabes. Indicado duas vezes para o cargo de guia supremo da Irmandade Muçulmana, Qaradawi recusou a honraria por considerar ter uma missão maior: guiar os muçulmanos no mundo moderno. Em outras palavras, seu negócio é pregar a jihad às massas islâmicas via satélite. O programa Sharia e Vida, que ele comanda no canal de TV do Catar, onde vivia até Hosni Mubarak ser derrubado no Egito, tem 40 milhões de espectadores semanais. Qaradawi escreveu vários livros sobre o Islã e já foi até contratado como consultor de Hollywood em um filme sobre Maomé. Também criou dois sites - em árabe e em inglês – com análises do noticiário no mundo muçulmano, perguntas e respostas sobre o Islã e dicas de como seguir a sharia.
Na semana passada, o esperto Qaradawi enganou novamente algumas almas incautas, como o jornalista Clóvis Rossi, da Folha de S.Paulo, que o descreveu como “o autor da mais sábia avaliação sobre a realidade da Líbia”. O elogio foi motivado por uma declaração do clérigo islâmico sobre o ditador líbio Muamar Kadafi - um louco que não merece atenção, segundo Qaradawi. O líder espiritual da Irmandade Muçulmana, contudo, costuma revelar sua real faceta com afirmações menos aceitáveis, como quando disse, em um sermão na TV, em 2009, que Adolf Hitler apenas cumpria um desejo divino quando ordenou o aniquilamento de judeus durante a II Guerra Mundial. Ou seja, o homem que está sendo saudado como um democrata apto a conduzir os islamistas ao poder no Egito é, na verdade, um defensor de genocídios. Sua meta política, instalar um estado regido pela lei islâmica. Hassan al Banna, que em 1928 fundou a Irmandade Muçulmana, dizia: “O Islã deve impor sua lei sobre todas as nações e estender seu poder sobre o mundo”. Banna morreu em 1949. Desde então, clérigos inspirados pelo grupo fundamentalista egípcio pregam suas ideias nas mesquitas do norte da África e do Oriente Médio. Agora, estão prontos para passar da palavra à ação.
Os jovens que clamaram por democracia nas ruas do Egito, da Tunísia e de outras nações árabes são úteis aos planos fundamentalistas apenas enquanto houver um governo para ser derrubado. Há duas semanas, dias após a queda de Mubarak, Qaradawi subiu no pódio armado no centro da Praça Tahir, no Cairo, para o primeiro discurso no país depois de um exílio de cinquenta anos. “Não lutem contra a história. O mundo árabe mudou”, disse para a multidão de 1 milhão de pessoas. Enquanto o xeque Qaradawi falava, um dos heróis da revolução egípcia, o executivo do Google Wael Ghonim, cujos tweets e página no Facebook levaram milhares de jovens para as ruas, foi impedido de subir ao palco por seguranças da Irmandade. Qaradawi foi o único a discursar naquele dia. A festa da vitória já tinha dono.
Os protestos que estão derrubando ou balançando as ditaduras do Oriente Médio não foram planejados pelos fundamentalistas islâmicos, mas eles não podiam esperar oportunidade melhor para os seus desígnios. Há muito os mentores do jihadismo tentam desestabilizar os regimes que, com mão de ferro, os mantinham sob controle. Agora, preparam-se para dar o bote. A ascensão dos fundamentalistas ao poder pode se dar de duas formas: onde houver caos, como na Líbia, tentarão ocupar o vácuo de poder à força; onde houver transição política com eleições, como está prometido no Egito e na Tunísia, farão uso dos instrumentos da democracia para cumprir sua agenda liberticida. Para essa fórmula dar certo, dissimulam a retórica de totalitarismo religioso sob um verniz de moderação. Dependendo da audiência, dizem aceitar eleições democráticas, criticam a perda de vidas inocentes em ataques terroristas e pregam a convivência pacífica entre as religiões. Vendem-se, assim, como democratas, reformistas e modernos. O discurso é outro quando falam em árabe e se dirigem aos seus conterrâneos.
O egípcio Yusuf al Qaradawi, um dos líderes da Irmandade Muçulmana, é um mestre dessa encenação que ilude apenas os analistas mais toscos no Ocidente. Ele passou por moderado ao condenar os ataques terroristas contra os Estados Unidos em 2001. No ano passado, mostrou o que realmente pensa ao afirmar em um programa da rede de TV Al Jazira, da qual é apresentador, que os muçulmanos deveriam ter armas nucleares para “aterrorizar seus inimigos” - leia-se o Ocidente. “Qaradawi, considerado o relações-públicas do Islã, adota a postura de médico ou de monstro, conforme a plateia”, afirma o americano Lee Smith, autor do livro O Cavalo Forte - Poder, Política e o Choque das Civilizações Árabes. Indicado duas vezes para o cargo de guia supremo da Irmandade Muçulmana, Qaradawi recusou a honraria por considerar ter uma missão maior: guiar os muçulmanos no mundo moderno. Em outras palavras, seu negócio é pregar a jihad às massas islâmicas via satélite. O programa Sharia e Vida, que ele comanda no canal de TV do Catar, onde vivia até Hosni Mubarak ser derrubado no Egito, tem 40 milhões de espectadores semanais. Qaradawi escreveu vários livros sobre o Islã e já foi até contratado como consultor de Hollywood em um filme sobre Maomé. Também criou dois sites - em árabe e em inglês – com análises do noticiário no mundo muçulmano, perguntas e respostas sobre o Islã e dicas de como seguir a sharia.
Na semana passada, o esperto Qaradawi enganou novamente algumas almas incautas, como o jornalista Clóvis Rossi, da Folha de S.Paulo, que o descreveu como “o autor da mais sábia avaliação sobre a realidade da Líbia”. O elogio foi motivado por uma declaração do clérigo islâmico sobre o ditador líbio Muamar Kadafi - um louco que não merece atenção, segundo Qaradawi. O líder espiritual da Irmandade Muçulmana, contudo, costuma revelar sua real faceta com afirmações menos aceitáveis, como quando disse, em um sermão na TV, em 2009, que Adolf Hitler apenas cumpria um desejo divino quando ordenou o aniquilamento de judeus durante a II Guerra Mundial. Ou seja, o homem que está sendo saudado como um democrata apto a conduzir os islamistas ao poder no Egito é, na verdade, um defensor de genocídios. Sua meta política, instalar um estado regido pela lei islâmica. Hassan al Banna, que em 1928 fundou a Irmandade Muçulmana, dizia: “O Islã deve impor sua lei sobre todas as nações e estender seu poder sobre o mundo”. Banna morreu em 1949. Desde então, clérigos inspirados pelo grupo fundamentalista egípcio pregam suas ideias nas mesquitas do norte da África e do Oriente Médio. Agora, estão prontos para passar da palavra à ação.
Os jovens que clamaram por democracia nas ruas do Egito, da Tunísia e de outras nações árabes são úteis aos planos fundamentalistas apenas enquanto houver um governo para ser derrubado. Há duas semanas, dias após a queda de Mubarak, Qaradawi subiu no pódio armado no centro da Praça Tahir, no Cairo, para o primeiro discurso no país depois de um exílio de cinquenta anos. “Não lutem contra a história. O mundo árabe mudou”, disse para a multidão de 1 milhão de pessoas. Enquanto o xeque Qaradawi falava, um dos heróis da revolução egípcia, o executivo do Google Wael Ghonim, cujos tweets e página no Facebook levaram milhares de jovens para as ruas, foi impedido de subir ao palco por seguranças da Irmandade. Qaradawi foi o único a discursar naquele dia. A festa da vitória já tinha dono.
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