Egito e Israel estão tecnicamente em paz - uma das poucas relações diplomáticas existentes entre o Estado judeu e um país árabe - mas você não ouviria isso dos egípcios.
Nas ruas do Cairo as palavras sobre Israel não são nada amigáveis, e incidentes como o ataque a flotilha só aumentam a raiva e a desconfiança dos egípcios com seus vizinhos do norte.
Quando perguntado sobre a relação entre o Egipto e Israel, Magdi Ahmed, um funcionário do hotel, logo soltou um palavrão. O amigo de Ahmed, Ismad Shahin,disse referindo-se ao incidente da flotilha: "Cada vez que estreitamos nosso relacionamento, Israel faz algo para nos dividir."
Imagem manchada
Esse sentimento, reflete nas decisões do governo, pois este tem que manter uma linha entre o sentimento de seu povo e as relações pacíficas com Israel - relações essas que são condições implícitas para continuar recebendo ajuda da E.U.-, para isso o governo tenta sufocar o descontentamento da população com gestos aparentemente pró-palestinos, como a recete decisão de abrir sua fronteira com Gaza, e tirar a cidadania de homens egípcios que são casados com israelenses.
"A abertura da passagem de Rafah foi uma reação às tragédias que ocorreram no Mediterrâneo, e também para lidar com a dinâmica de relações públicas da política", disse Gamal Gawad Soltan, diretor do semi-oficial Al Ahram Centro de Política e Estudos Estratégicos.
"... Israel tem um problema de imagem importante no Oriente Médio devido às suas políticas, e com a população do Egito não é uma exceção."
A infelicidade dos egípcios veem do apoio a Israel no momento em que grande parte do mundo parece condenar a ataque a flotilha, explica Soltan.
Mas, ele salienta que há uma diferença entre como os egípcios se sente sobre Israel e como eles se sentem sobre o tratado de paz entre os dois países.
"A maioria dos egípcios acreditam que o tratado de paz egípcio-israelense é bom para o Egito. Egito beneficiou-se com a com Israel ... a guerra não é algo que os egípcios querem."
"A paz unilateral"
Já Mostafa Faruq, que trabalha no banco nacional, não é tão otimista "O tratado de paz entre Egito e Israel? Lamento, lamento", disse ele, balançando a cabeça ao comprar flores no centro do Cairo. "Sim, foi bom, mas beneficiou apenas um lado. "Se Israel quer paz, não teria matado pessoas inocentes. É contra a humanidade, contra os cristãos, contra os judeus e contra os muçulmanos."
Houve apreensões em relação normalizar as relações entre os dois países desde que Menachem Begin, então primeiro-ministro israelense, e Anwar al-Sadat, então presidente egípcio, apertaram as mãos no gramado da Casa Branca, em Washington, em 26 de março de 1979 - fazendo Egito o primeiro estado árabe a declarar a paz com Israel, ainda que precária.
O custo para al-Sadat foi sua vida - apenas dois anos depois ele foi assassinado.
Dese então o governo egípcio tem reprimido a liberdade de expressão para impedir o crescimento do sentimento anti-israelense.
De acordo com Moataz Fattah, um professor associado de ciência política na Universidade do Cairo, esta repressão é aplicadao particularmente para populares personalidades anti-israelense.
Segundo Mostafa Hala, o editor da Democracia em língua árabe semanal, o principal dilema efrentado nas relações do Egito com Israel é que é duas caras. "O regime consegue manter esse relacionamento a nível oficial. É muito bom nisso. O número de funcionários entre os dois lados estão crescendo o tempo todo. "Ao mesmo tempo, por razões políticas, o regime não está disposto a defender o conceito de paz e de admitir o facto de que estamos em paz com Israel. Discurso político, até mesmo pelo ministro das Relações Exteriores, é o mesmo tipo de discurso como se não encontrassemos a paz. "
Magdi Ahmed, o funcionário do hotel me disse com um sorriso: "Eu nunca confie em um israelense. Mesmo se você fosse israelita, eu não confiaria em você."
Mas poucos minutos depois, ele explicou: "Se Israel quer paz, nós vamos caminhar com eles, de imediato."
Fonte: Al Jazerra
0 comentários:
Postar um comentário
Termo de uso
O Blog De Olho na Jihad não se responsabiliza pelo conteúdo dos comentários e se reserva o direito de eliminar, sem aviso prévio, os que estiverem em desacordo com as normas do site ou com as leis brasileiras.
As opiniões expostas não representam o posicionamento do blog, que não se responsabiliza por eventuais danos causados pelos comentários. A responsabilidade civil e penal pelos comentários é dos respectivos autores. Por este motivo os que comentarem como anônimos devem ter ciência de que podemos não publicar ou excluir seus comentários a qualquer momento.
Se não tiver gostado, assine, ou não comente e crie seu próprio site e conteste nossas informações.
Ao comentar o usuário declara ter ciência e concorda expressamente com as prerrogativas aqui expostas.
A equipe.