quarta-feira, 9 de junho de 2010

Israel e Egito - Uma frágil paz

Egípcios protestam contra Israel

Egito e Israel estão tecnicamente em paz - uma das poucas relações diplomáticas existentes entre o Estado judeu e um país árabe - mas você não ouviria isso dos egípcios.

Nas ruas do Cairo as palavras sobre Israel não são nada amigáveis, e incidentes como o ataque a flotilha só aumentam a raiva e a desconfiança dos egípcios com seus vizinhos do norte.

Quando perguntado sobre a relação entre o Egipto e Israel, Magdi Ahmed, um funcionário do hotel,
logo soltou um palavrão. O amigo de Ahmed, Ismad Shahin,disse referindo-se ao incidente da flotilha: "Cada vez que estreitamos nosso relacionamento, Israel faz algo para nos dividir."


Imagem manchada


Esse sentimento, reflete nas decisões do governo, pois este tem que manter uma linha entre o sentimento de seu povo e as relações pacíficas com Israel - relações essas que são condições implícitas para continuar recebendo ajuda da E.U.-, para isso o governo tenta sufocar o descontentamento da população com gestos aparentemente pró-palestinos, como a recete decisão de abrir sua fronteira com Gaza, e tirar a cidadania de homens egípcios que são casados com israelenses.


"A abertura da passagem de Rafah foi uma reação às tragédias que ocorreram no Mediterrâneo, e também para lidar com a dinâmica de relações públicas da política", disse Gamal Gawad Soltan, diretor do semi-oficial Al Ahram Centro de Política e Estudos Estratégicos.

"... Israel tem um problema de imagem importante no Oriente Médio devido às suas políticas, e com a população do Egito não é uma exceção."

A infelicidade dos egípcios veem do apoio a Israel no momento em que grande parte do mundo parece condenar a ataque a flotilha, explica Soltan.


Mas, ele salienta que há uma diferença entre como os egípcios se sente sobre Israel e como eles se sentem sobre o tratado de paz entre os dois países.

"A maioria dos egípcios acreditam que o tratado de paz egípcio-israelense é bom para o Egito. Egito beneficiou-se com a com Israel ... a guerra não é algo que os egípcios querem."



"A paz unilateral"


Já Mostafa Faruq, que trabalha no banco nacional, não é tão otimista
"O tratado de paz entre Egito e Israel? Lamento, lamento", disse ele, balançando a cabeça ao comprar flores no centro do Cairo. "Sim, foi bom, mas beneficiou apenas um lado. "Se Israel quer paz, não teria matado pessoas inocentes. É contra a humanidade, contra os cristãos, contra os judeus e contra os muçulmanos."

Houve apreensões em relação normalizar as relações entre os dois países desde que Menachem Begin, então primeiro-ministro israelense, e Anwar al-Sadat, então presidente egípcio, apertaram as mãos no gramado da Casa Branca, em Washington, em 26 de março de 1979 - fazendo Egito o primeiro estado árabe a declarar a paz com Israel, ainda que precária.

O custo para al-Sadat foi sua vida - apenas dois anos depois ele foi assassinado.

Dese então o governo egípcio tem reprimido a liberdade de expressão para impedir o crescimento do sentimento anti-israelense
.

De acordo com Moataz Fattah, um professor associado de ciência política na Universidade do Cairo, esta repressão é aplicadao particularmente para populares personalidades anti-israelense.


Segundo Mostafa Hala, o editor da Democracia em língua árabe semanal, o principal dilema efrentado nas relações do Egito com Israel é que é duas caras.
"O regime consegue manter esse relacionamento a nível oficial. É muito bom nisso. O número de funcionários entre os dois lados estão crescendo o tempo todo. "Ao mesmo tempo, por razões políticas, o regime não está disposto a defender o conceito de paz e de admitir o facto de que estamos em paz com Israel. Discurso político, até mesmo pelo ministro das Relações Exteriores, é o mesmo tipo de discurso como se não encontrassemos a paz. "

Magdi Ahmed, o funcionário do hotel me disse com um sorriso: "Eu nunca confie em um israelense. Mesmo se você fosse israelita, eu não confiaria em você."

Mas poucos minutos depois, ele explicou: "Se Israel quer paz, nós vamos caminhar com eles, de imediato."


Fonte: Al Jazerra

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