Não foi um ato de um doente mental, mas sim um assassinato ritual, com modalidades e motivações próprias do fanatismo religioso. Essa nova tese sobre o assassinato do presidente dos bispos da Turquia, Dom Luigi Padovese, foi lançada nesta segunda-feira pela agência AsiaNews, do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras, que insere assim o homicídio em uma visão fundamentalista do Islã.
A reportagem é da Agência Asia News, 07-06-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A agência pontifícia considera, além disso, que, à luz dos fatos, "é preciso revisar as declarações do governo turco e as primeiras convicções manifestadas pelo Vaticano, segundo as quais o assassinato não teria tido motivações políticas ou religiosas, embora fique claro que, como disse Bento XVI, esse assassinato não pode ser atribuído à Turquia e aos turcos e não deve dificultar o diálogo inter-religioso".
"As testemunhas – escreve a agência do PIME – afirmam ter ouvido o bispo pedir ajuda. Mas ainda mais importante é que ouviram os gritos de Murat imediatamente depois do assassinato".
Segundo fontes citadas pela agência do PIME, o assassino subiu ao telhado da casa e gritou: "Matei o grande Satã! Alá Akbar!".
Assim, pois, a sequência do assassinato se esclarece: o bispo foi apunhalado em sua casa. Sangrando, teve a força de sair para fora e pedir ajuda. Ali, caiu e morreu. Quando já estava no chão, o degolaram.
"O grito – disse a agência do PIME – coincide perfeitamente com a ideia da decapitação, o que faz pensar em um sacrifício ritual contra o mal".
Isso vincula o assassinato a grupos ultranacionalistas e fundamentalistas islâmicos que, pelo que parece, querem eliminar os cristãos da Turquia. Além disso, segundo um jornal turco, o Milliyet do dia 04 de junho, o assassino havia dito à polícia que cometeu o crime "por revelação divina"
Segundo a agência do PIME, "a suposta loucura do jovem de 26 anos que, há mais de quatro, vivia junto com o bispo é agora insustentável".
Ercan Eris, o advogado da Conferência dos Bispos da Turquia, disse que o assassino não pode ter passado da normalidade mental à loucura em um dia, e que não há nenhum relatório médico que tenha diagnosticado uma doença mental a ele.
É claro, por isso, que o jovem está totalmente lúcido. "Não há nenhum atestado médico sobre sua incapacidade mental. Recentemente, ele disse que estava deprimido, mas agora se acredita que tudo isso era uma estratégia para se defender mais tarde".
Neste domingo, o ministro da Justiça chegou a Iskenderun, condenou explicitamente o assassinato e garantiu que será feito todo o possível para jogar luz sobre o ocorrido.
O estabelecimento da verdade é necessário para o Estado turco, como demonstração de sua modernidade e de sua capacidade para garantir os direitos. Mas também é necessário para a Igreja.
Segundo declarações da polícia, parece que Murat está oferecendo uma nova justificação de seu crime. Ele assegura agora que Dom Padovese era homossexual, e ele, Murat, de 26 anos, a vítima "obrigada a se submeter a seus abusos". A estratégia defensiva do homicida tenta sustentar a hipótese de "legítima defensa".
Segundo os especialistas turcos citados pela agência do PIME, o assassinato de Dom Padovese mostra uma evolução das organizações fundamentalistas. Com efeito, é a primeira vez que seu objetivo é tão alto. Até agora, haviam assassinado simples sacerdotes. Mas, desta vez, o alvo foi o chefe da Igreja na Turquia.
Ao mesmo tempo, suas justificativas se tornam cada vez mais sofisticadas. Já não se limitam à "loucura", o argumento utilizado no assassinado do padre Andrea Santoro, mas buscam também explicações dirigidas a semear a confusão na opinião pública nacional e internacional.
Fontes: http://www.asianews.it/news-en/Funeral-of-Mgr.-Padovese.-Murderer,-I-killed-the-great-Satan!-18612.html
http://www.jihadwatch.org/2010/06/turkey-bishops-assassin-shouted-allah-akbar-and-later-said-i-killed-the-great-satan.html
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