Repito a pergunta feita no Jihad Watch: Se não há terroristas, porque então uma guerra contra o terror? Faz sentido?
O Presidente afegão, Hamid Karzai, ordenou que sejam revistos os processos de todos os presos por suspeita de ligações aos taliban, cumprindo uma das principais recomendações da Jirga para a Paz, a grande assembleia que durante três dias discutiu um plano para pôr fim à guerra no país. São propostas ambiciosas, mas de concretização improvável.
A reavaliação será conduzida por uma comissão especial, chefiada pelo ministro da Justiça, e tem como principal missão libertar os afegãos detidos pelas forças estrangeiras “que estejam detidos sem provas legais de culpa”, segundo uma nota da presidência divulgada hoje. Não se sabe, contudo, se os mais de 800 detidos em Bagram, prisão sob controlo dos militares norte-americanos, vão ser abrangidos pelo decreto.
A libertação dos que foram presos pelas forças estrangeiras com base em “más informações” foi uma das principais recomendações da Jirga para que o Governo de Karzai consiga negociar a paz com os rebeldes. Os 1600 líderes tribais e representantes de organizações civis pediram também ao Presidente que convença os líderes estrangeiros a retirar os nomes de 70 dirigentes taliban da lista negra do terrorismo da ONU – uma iniciativa que se adivinha difícil, já que poria em causa a legitimidade da missão internacional iniciada em 2001 – e crie uma comissão para liderar as conversações com os rebeldes.
Karzai prometeu aplicar o plano, mas os taliban reafirmaram que não aceitam qualquer discussão antes da retirada total das forças da NATO do Afeganistão. Deixaram-no claro quando, na quarta-feira, tentaram impedir o início da reunião, enviando bombistas para o local. Apenas dois dos atacantes morreram, mas o incidente representou um embaraço para o Governo e hoje Karzai viu-se obrigado a aceitar a demissão do ministro do Interior, Hanif Atmar, e do chefe das forças especiais, Amrullah Saleh.
“As decisões da Jirga não vão convencer os rebeldes a juntar-se ao processo de paz”, disse à Reuters o analista afegão Waheed Majda, sublinhando que a oferta surge numa altura em que a rebelião continua a dar provas da sua crescente influência. Só hoje, quatro soldados da ISAF morreram no Sul e Leste do país, onde a NATO tem em marcha grandes operações militares.
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