terça-feira, 28 de junho de 2011

Uma carta aberta ao mundo


Ariel Ben Attar, um cidadão israelense, escreveu a seguinte carta aberta ao "mundo":

Querido Mundo:

Ônibus israelense explodido por um homem-bomba palestino.

Sei que você está contrariado conosco, aqui em Israel. Na verdade, parece que você está bem zangado, furioso até (ultrajado?). De fato, a cada par de anos você parece ficar aborrecido por nossa causa. Hoje, é a "brutal repressão aos palestinos"; ontem, era o Líbano; antes disso, foram o bombardeio do reator nuclear em Bagdá, a Guerra do Yom-Kippur e a Campanha do Sinai.

Parece que os judeus que triunfam e, portanto, sobrevivem, incomodam você especialmente.

Evidentemente, querido mundo, muito antes de existir Israel, nós – o povo judeu – já o incomodávamos. Contrariamos o povo alemão que elegeu Hitler, incomodamos o povo austríaco, que aplaudiu a entrada dos nazistas em Viena, e irritamos uma porção de nações eslavas – poloneses, eslovacos, lituanos, ucranianos, russos, húngaros e romenos.

Temos um longo histórico de momentos em que o irritamos, querido mundo. Incomodamos os cossacos de Chmielnicki, que massacraram dezenas de milhares de nós em 1648-1649; perturbamos os cruzados que, em seu caminho para libertarem a Terra Santa, estavam tão contrariados com os judeus que assassinaram incontáveis dos nossos. Durante séculos, incomodamos a Igreja Católica, que deu tudo de si para definir nosso relacionamento por meio de inquisições. Perturbamos até o inimigo supremo da Igreja, Martim Lutero, que, em sua conclamação para incendiar as sinagogas e os judeus dentro delas, demonstrou um admirável espírito ecumênico cristão.

Acabamos ficando tão aborrecidos por incomodar você, querido mundo, que decidimos deixá-lo – por assim dizer – e estabelecemos um Estado judeu. O argumento era que, vivendo em contato próximo com você, como estrangeiros-residentes nos vários países que o compõem, nós o incomodávamos, irritávamos e perturbávamos. Portanto, seria uma excelente idéia deixá-lo para que você nos amasse. Assim, decidimos voltar para casa – para o mesmo país de origem do qual fomos expulsos há 1900 anos por um romano que, aparentemente, também incomodamos.

Infelizmente, porém, querido mundo, parece que você é difícil de agradar. Tendo deixado você e seus pogroms e inquisições, cruzadas e holocaustos, tendo nos afastado do mundo em geral para vivermos em paz no nosso pequeno Estado, continuamos a incomodá-lo. Você está aborrecido porque reprimimos os pobres palestinos. Está profundamente irado pelo fato de não abrirmos mão dos territórios de 1967, que obviamente são o obstáculo para a paz no Oriente Médio. Moscou está aborrecida, e Washington está triste. Os árabes "radicais" estão perturbados e os gentis e moderados egípcios estão chateados.

Cena comum em Israel – luto por entes queridos assassinados por terroristas palestinos.

Bem, querido mundo, analise a reação de um judeu comum de Israel. Em 1920, 1921 e 1929 não havia territórios ocupados em 1967 para impedirem a paz entre judeus e árabes. Na verdade, não havia nenhum Estado judeu para incomodar ninguém. Apesar disso, os mesmos palestinos oprimidos e reprimidos esquartejaram dezenas de judeus em Jerusalém, Jaffa, Safed e Hebron. Na verdade, 67 judeus foram massacrados num único dia, em 1929, na cidade de Hebron. Querido mundo, por que os árabes – os palestinos – massacraram 67 judeus num único dia em 1929? Será que foi por causa da fúria deles devido à agressão israelense em 1967? E por que 510 judeus, homens, mulheres e crianças, foram assassinados nas rebeliões árabes entre 1936-1939? Foi porque os árabes estavam abalados por causa de 1967?
Quando você, querido mundo, propôs em 1947, nas Nações Unidas, um Plano de Partilha que teria criado um "Estado Palestino" ao lado de um minúsculo Estado de Israel, os árabes gritaram "não", foram à guerra e mataram 6.000 judeus. Será que esse "incômodo" também foi causado pela agressão de 1967? E, por falar nisso, querido mundo, por que, na época, não ouvimos seu grito de "aborrecimento"?

Os pobres palestinos, que hoje matam judeus com explosivos, bombas incendiárias e pedras, são parte do mesmo povo que – quando tinha todos os territórios que agora exige para seu Estado – tentou jogar o Estado judeu para dentro do mar. As mesmas faces retorcidas, o mesmo ódio, o mesmo grito de "itbach-al-yahud" (massacrem os judeus!), que vemos e ouvimos atualmente, eram vistos e ouvidos naquela época. O mesmo povo, o mesmo sonho – destruir Israel. O que eles não conseguiram fazer no passado, sonham fazer no presente, mas não devemos "reprimi-los".

Querido mundo, você ficou indiferente durante o Holocausto. Em 1948, quando sete países deflagraram uma guerra, que a Liga Árabe orgulhosamente comparou aos massacres mongóis, você assistiu de camarote. Quando Nasser, barbaramente aclamado por uma turba selvagem em todas as capitais árabes do mundo, jurou atirar os judeus ao mar em 1967, você não se abalou. E você assistiria de camarote amanhã, se Israel estivesse enfrentando a extinção.

Como sabemos que os árabes-palestinos sonham todos os dias com essa extinção, faremos todo o possível para permanecermos vivos em nosso próprio país. Se isso o aborrece, querido mundo, bem – pense sobre quantas vezes no passado você nos aborreceu. Em cada evento, querido mundo, quando você se sente incomodado por nós, eis aqui um judeu em Israel que não lhe dá a mínima.

Ariel Ben Attar - Israel (http://www.beth-shalom.com.br)

Publicado anteriormente na revista Notícias de Israel, novembro de 2002.
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