sábado, 25 de junho de 2011

Síria agradece esforço do Brasil na ONU


O mais alto representante do governo sírio no Brasil só tem elogios à postura da diplomacia Dilma em relação ao seu país no Conselho de Segurança. 
 
Em entrevista à Folha, por telefone, o encarregado de negócios da embaixada em Brasília, Ghassan Obeid, agradeceu os esforços brasileiros em evitar uma resolução como a da Líbia.
Segundo ele, com as reformas prometidas pelo presidente, o país voltará a ser um bom parceiro internacional "em um ou dois meses". 
 
Folha- O governo sírio acusa a imprensa de não retratar o que, de fato, está acontecendo na Síria. Qual é a atual situação no país?
Ghassan Obeid - Estamos perto de um fim para a crise na Síria. Depois do discurso do presidente Bashar Assad (na última segunda-feira), milhões de pessoas saíram às ruas para manifestar apoio às reformas que ele anunciou nos dois últimos meses. E essas reformas, que vêm para atender às aspirações legítimas do povo sírio, já começaram com a criação de um novo governo, nomeado por um novo primeiro-ministro. Todos os novos ministros deram início a um trabalho muito intenso para implementar as decisões que vão trazer de volta a calma e a tranquilidade, com diálogo aberto para todos os sírios, sem discriminação e sem exclusão, um diálogo compreensivo. 
 
Mas os protestos da oposição continuaram nesta semana e houve denúncias de mais mortes. Está mesmo próximo o fim da crise?
A calma vai retornar ao país. Não sei se restará problemas em alguns lugares, como no norte, ao lado da fronteira com a Turquia. Mas, na última segunda-feira, os embaixadores estrangeiros sediados na Síria foram até o norte do país e puderam ver que a calma voltou. E a presença dos militares na região ajudará a preservar a calma e dará coragem para que as pessoas que deixaram a Síria sob qualquer pressão possam voltar para suas casas. 
 
Ainda há uma forte presença militar, com tanques, nas ruas?
Sim, como (acontece) em todos os países democráticos do mundo, até no Brasil. O militar é uma presença de confiança para o povo, que quer sair da crise, mas não traz tranquilidade para grupos armados. Além disso, quem pode enfrentar um grupo armado com bombas, metralhadoras e antitanques, se não um grupo armado legal, que são os militares? 
 
Há denúncias de mais de 1.300 civis mortos. Como o governo responde às denúncias de massacre?
Dezenas de civis foram mortos por esses grupos armados, e a polícia e os militares chegaram para proteger o povo. É claro que, em uma troca de tiros entre militares e esses grupos armados, eles perderam gente. E nós perdemos muitos militares. Não sei por que a mídia não fala que perdemos mais de 300 mártires militares. A imprensa vende mais quando há problemas, quando há massacres. 
 
Como seu governo vê os esforços do Brasil em evitar uma resolução do Conselho de Segurança?
Nós agradecemos a posição do Brasil e contamos com ela, e com a de outros países amigos como Rússia, Índia, China, África do Sul. A postura do Brasil dá tempo para que os decretos de reforma na Síria alcancem resultados concretos, e respeita a soberania do país. Os europeus querem uma resolução, que é o mesmo caminho que adotaram para a Líbia. A resolução para a Líbia era só para aplicar uma zona de exclusão aérea, e eles acabaram destruindo todo o país. Agora eles se apressam em ter um texto com a mesma ambiguidade, para abrir a possibilidade de intervenções militares contra a Síria. Mas não são necessárias sanções, porque a Síria não cometeu crimes internacionais. Isso é um assunto interno nosso. Deixem a Síria tranquila por mais um ou dois meses, e voltaremos a ser um bom parceiro internacional, que busca a paz na região. 
 
Quais serão as ações do governo nesse período?
Muitas comissões foram criadas e precisamos de tempo para acabar a redação das leis sobre partidos políticos, eleições e liberdade de imprensa, por exemplo. O presidente já falou que no meio do mês de julho elas devem terminar o seu trabalho e colocar as reformas à aprovação do povo. Esperamos que o novo parlamento já seja eleito, em agosto, sob as novas leis. 
 
Mas a oposição pede a saída do presidente...
Quando as novas leis forem finalizadas e permitirem a eleição do novo parlamento, o parlamento decidirá se vamos ter um novo ministério e, depois, se o presidente deve sair ou ficar. Não teremos mais problemas que não possam ser discutidos. 
 
O que diferencia a situação da Síria dos protestos em outros países árabes?
As manifestações na Síria não foram impulsionadas por um movimento popular, e sim por grupos extremistas armados financiados por fontes externas. Na Tunísia, por exemplo, o povo não queria mais aquele governo e a corrupção, e então se levantou contra ele. No Egito, foi a mesma coisa. Na Síria, o povo sírio ama o presidente e está gostando das reformas que ele tem feito. 
 
Então quem vai às ruas na Síria para protestar contra o governo?
São grupos fanáticos muçulmanos que são pagos por gente de fora da Síria para cometer crimes dentro do país. Tenho um CD com depoimentos de alguns desses homens, que dizem ter recebido US$ 1.000 por dia e armas para sair às ruas e matar civis e militares. Se fossem manifestantes pacíficos, não saíam cheios de ódio para queimar prefeituras, carros de bombeiros. Não matavam médicos em ambulâncias, como vimos acontecer, nem crianças. Não cortavam seus corpos. Eles matam civis para confundir a opinião estrangeira e acusar o governo da Síria de crimes contra a humanidade. Isso é mentira. Como se justifica, em um dia, perdermos 120 policiais sírios? Nem na guerra com Israel aconteceu isso. Eles agiram de uma maneira muito bárbara, que nunca foi vista na Síria. Estavam muito bem armados: tinham bombas muito sofisticadas, telefones por satélite. Eles tinham um direcionamento de como se comportar. 
 
E quem está por trás desses grupos?
A Justiça (síria) ainda trabalha para esclarecer isso. Eles (os prisioneiros) falam de maneira muito vaga sobre quem repassava as armas e o dinheiro ± mas sempre tinha um mediador. E todos contam a mesma história: dizem ter recebido caminhões de armas e dinheiro de fora do país para `fechar os olhos e sair atirando'. E as armas que foram apreendidas com eles, como bombas eletrônicas com acionamento remoto, não existem na Síria. 
 
O governo de Assad desconfia do envolvimento de outros países da região?
Não queremos divulgar essas informações porque a investigação continua. Queremos acalmar a situação interna e depois esses grupos terão sua história revelada. O que nos importa agora é que a Síria já compreendeu de onde chega o financiamento para esses grupos e fechou as portas. 
 
Os jornalistas têm sido perseguidos pelo governo?
Não, isso não é verdade. O que aconteceu é que, logo no início das manifestações, os repórteres da Al-Jazeera inverteram a verdade e a imprensa em geral foi parcial na cobertura, usando fatos falsos para ilustrar o que estava acontecendo na Síria, inclusive imagens do que acontecia em outros países. Por isso, o governo decidiu proibir a entrada de jornalistas até resolver a situação no país. 
 
E por que a ajuda humanitária não tem conseguido entrar no país?
A ajuda internacional pode entrar em contato com a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho e encaminhar ajuda, se for necessário. Mas até agora não precisamos de ajuda de fora. O presidente da Cruz Vermelha Internacional esteve esta semana na Síria e viu pessoalmente como o país atua para ajudar quem precisa. Os militares forneceram comida e bebida a todos que necessitavam. E no caso dos que saíram de suas casas para a fronteira com a Turquia, a Síria ofereceu, com a ajuda do Crescente Vermelho turco, transporte para quem quisesse retornar para casa. 
 
Fonte
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