quarta-feira, 9 de novembro de 2011

As meninas noivas da Turquia


Foto: Um casamento muçulmano entre um homem de 40 anos e uma menina de 11

 ·         Um estudo realizado na Turquia revelou que 28% dos matrimônios são com menores
·         Até mesmo o primeiro ministro turco casou seu filho em 2003 com uma jovem de 17 anos, após conseguir uma ordem judicial
·         Esta é uma prática bastante comum na Turquia e na Georgia, mas também ocorre em países como França e Reino Unido.

“Eu tinha 10 anos, quando fui já noiva para Gaziantep (cidade do sudeste da Turquia). Certa vez fui comprar pão, alguns meninos correram atrás de mim gritando “menina noiva”. Minha sogra me batia. Não me dava pão. Um dia, enquanto fazia pão, ela me esfaqueou, foi embora, e me deixou ali trancada”.

Testemunhos como esse dão voz as frias estatísticas de um recente estudo sobre os matrimônios de menores na Turquia, que corresponde aproximadamente a 28% de todos os casamentos. A pesquisa foi realizada pela associação de mulheres “Flying Broom”, em 54 províncias do país de acordo com os dados de 2008.

Um fenômeno que não só rouba a infância de milhares de meninas, mas que também as levam a uma vida muitas vezes marcada por espancamentos, estupros e trabalhos forçados.

Segundo Sevna Somuncuoglu, coordenadora da pesquisa, o estudo mostra que esse costume não só não desapareceu como “ é bastante comum nas grandes cidades”, conforme publicado no diário Cumhuriyet. Tanto que até o primeiro ministro turco, Recp Tayyp Erdogan, casou seu filho em 2003 com Reyynan Uzuner, quando esta tinha 17 anos, após obter uma ordem judicial.

O estudo sobre as “meninas noivas”, que foi apresentado na semana passada no Parlamento, revela que uma em cada cinco meninas das comunidades  que vivem a noroeste de Istambul (aproximadamente 1,5 milhões de pessoas) se casam quando completam 15 anos.

Vidas Roubadas

O psiquiatra Selcuk Candansayar, da Faculdade de Medicina da Universidade Gazi, explicou que estes matrimônios são acompanhados de violência, violações, incesto e problemas mentais, e que as taxas de mortalidade antes do primeiro ano de vida, para os bebes dessas relações são altíssimas.

“Eles roubam a vida das “meninas noivas”. Elas não podem realizar nenhum de seus sonhos, sequer podem sonhar. São tiradas da escola e tornam-se mão de obra escrava da família e do marido. Todo isso trás problemas psicológicos muito sérios”, declarou Candasayar.

Somuncuoglu afirmou ainda que, muitas vezes as “meninas noivas’ são vítimas de outras tragédias, como o incesto.

Matrimônio com menores, por regiões

A porcentagem média de matrimônios com menores é de 28,2% na Turquia, o número dispara e chega a 50% em algumas regiões do sudeste do país, como Diyarbakir. No ano de 2010 em  Sanliurfa, cidade ao sudeste de Istambul, dos 21.091 partos, 712 eram mães adolescentes.

Por Países

Segundo vários estudos, cerca de 10 milhões de meninas contraem matrimônio a cada ano, o que supõe que há cada três segundo se casa uma menor. A taxa de matrimônios forçados e prematuros é também bastante alta no centro da Europa e no leste europeu.

Turquia e Georgia lideram a lista européia, no entanto, países como França e Reino Unido tem taxa de até 10% de menores que se casam antes de cumprir 18 anos, segundo o The Guardian.

A professora de Sociologia Yildiz Ecevit, que apresentou o estudo no Parlamento, declarou que a cifra de 28,2% foi extraída da unidade de estudos demográficos na Univesidade Hacttepe, que estuda as práticas matrimoniais no país.

Causa dos casamentos prematuros

Ecevit enfatizou que as principais causas são as tradições e os fatores socioeconômicos, e as principais causas para os matrimônios forçados são o peso da honra e da virgindade.

"Elas devem ser protegidas para preservar a honra da família. Mas, quando casam, a família do marido faz delas mão de obra escrava". “Entretanto, não sou a favor de medidas legais para reduzir a idade de casamento que atualmente é 18 anos (na Turquia). Isto traria muitos outros problemas. O número de matrimônios prematuros, que na maioria são celebrados apenas  na forma de “Imam Nikahi” (matrimônio religioso), continuará aumentando”, declarou Ecevit.

“Quando eu tinha 13 anos me casaram com um homem de 30. Nunca tinha visto ele. Casaram-me somente porque era um filho de uma amigo de meu pai. Quando o vi, pensei que poderia se meu pai. Não podia ficar perto dele. A noite eu ficava muito assutada", declarou uma das entrevistada durante o estudo.

Blog De Olho na Jihad com informações do 20minutos.es


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1 comentários:

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