A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, deu entrevista à rede de TV CBS conclamando diversos governos a adotaram instâncias mais duras no trato com a Síria. Há meses, o regime do ditador Bashar al-Assad emprega suas forças de segurança na repressão de manifestantes que lutam por melhores condições econômicas e mais liberdade. Segundo dissidentes sírios e organizações não-governamentais, milhares de civis foram massacrados pelas forças do governo.
Na entrevista, Hillary preferiu não pedir diretamente a saída de Assad do poder, e afirmou que essa é uma bandeira que todos os países devem carregar:
As palavras dos EUA, no entanto, não encontram eco em países emergentes como a Índia, citada, por Hillary, e o Brasil. De fato, a iniciativa de Índia, Brasil e África do Sul de tentar intermediar um fim pacífico para a violenta repressão na Síria está irritando as grandes potências no âmbito da Organização das Nações Unidas. O trio, que usa o acrônimo Ibsa (juntando as iniciais de cada um em inglês), tem sido chamado nos bastidores de “Bias” – viés em inglês –, segundo o blog especializado na ONU Turtle Bay, da revista Foreign Policy. É uma forma de dizer os diplomatas ocidentais dizerem que o trio tenta favorecer a Síria. Segundo o Turtle Bay, é o Brasil que tem liderado os esforços no Conselho de Segurança para bloquear as condenações à Síria, em uma tentativa de encontrar uma saída negociada.
Alguns diplomatas defendem o comportamento de Brasil, Índia e África do Sul dizendo que o que eles estão fazendo é criar um contraponto para a atuação dos EUA e dos países europeus, que agiriam de forma truculenta, como mostra o fato de terem transformado uma resolução para proteger civis na Líbia em uma missão de guerra contra o regime de Muammar Khadafi. Os críticos do Ibsa, entretanto, alegam que esses países ainda têm políticas externas inconsistentes por terem uma importância cada vez maior no cenário internacional, mas, ao mesmo tempo, se considerarem parte dos países “oprimidos” pelas potências.
FONTE: ÉPOCA
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Na entrevista, Hillary preferiu não pedir diretamente a saída de Assad do poder, e afirmou que essa é uma bandeira que todos os países devem carregar:
É importante que não seja apenas a voz americana. Queremos ter certeza que essas vozes venham de todo o mundo. O que precisamos fazer para pressionar Assad é sancionar a indústria de petróleo e gás. E queremos ver a Europa tomar mais passos nesta direção. E queremos ver a China dar passos junto conosco. E que queremos ver a Índia, porque a Índia e a China tem grande investimentos em energia na Síria. Queremos ver a Rússia parar de vender armas para o regime de Assad. |
As palavras dos EUA, no entanto, não encontram eco em países emergentes como a Índia, citada, por Hillary, e o Brasil. De fato, a iniciativa de Índia, Brasil e África do Sul de tentar intermediar um fim pacífico para a violenta repressão na Síria está irritando as grandes potências no âmbito da Organização das Nações Unidas. O trio, que usa o acrônimo Ibsa (juntando as iniciais de cada um em inglês), tem sido chamado nos bastidores de “Bias” – viés em inglês –, segundo o blog especializado na ONU Turtle Bay, da revista Foreign Policy. É uma forma de dizer os diplomatas ocidentais dizerem que o trio tenta favorecer a Síria. Segundo o Turtle Bay, é o Brasil que tem liderado os esforços no Conselho de Segurança para bloquear as condenações à Síria, em uma tentativa de encontrar uma saída negociada.
A embaixadora do Brasil, Maria Luiza Ribeiro Viotti, liderou os esforços diplomáticos do grupo no Conselho [de Segurança], avançando uma série de emendas para aliviar uma resolução dura contra a Síria patrocinada pela Europa. Em determinado ponto, ela pressionou o negociador britânico para que o colega desistisse de exigir que a Síria permitisse liberdade de imprensa. |
Alguns diplomatas defendem o comportamento de Brasil, Índia e África do Sul dizendo que o que eles estão fazendo é criar um contraponto para a atuação dos EUA e dos países europeus, que agiriam de forma truculenta, como mostra o fato de terem transformado uma resolução para proteger civis na Líbia em uma missão de guerra contra o regime de Muammar Khadafi. Os críticos do Ibsa, entretanto, alegam que esses países ainda têm políticas externas inconsistentes por terem uma importância cada vez maior no cenário internacional, mas, ao mesmo tempo, se considerarem parte dos países “oprimidos” pelas potências.
De muitas formas, esses três países ainda se identificam com o grande bloco de países em desenvolvimento que sentem “não ter o respeito” [dos desenvolvidos] e “suspeitam que as grandes potências estão tentando ludibriá-las e continuar dominantes”, diz Jeffrey Laurenti, especialista da Fundação Century. Laurenti diz que os três países estão tentando barrar iniciativas, reduzindo a velocidade de um processo diplomático que está bem além de sua zona de conforto. Eles ficam irritadiços [quando se fala] sobre qualquer coisa que sugira que o Ocidente está tentando sobrepor a soberania de outro país em desenvolvimento. |
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