Heba Saleh e Roula Khalaf
No Cairo (Egito)
A Irmandade Muçulmana do Egito pretende conquistar aproximadamente um terço das cadeiras parlamentares na eleição do mês que vem, segundo anunciou o recém-criado partido político dessa organização islamita, o Liberdade e Justiça.
No entanto, o partido disse que um sistema eleitoral confuso criado pela autoridades militares poderá provocar resultados surpreendentes.
As eleições parlamentares de 28 de novembro no Egito, as primeiras desde a derrubada de Hosni Mubarak em fevereiro deste ano, serão acompanhadas com atenção pelo mundo inteiro, e o número de cadeiras obtidas pelos candidatos da Irmandade Muçulmana se constitui na principal fonte de preocupação.
O grupo, que prometeu lançar candidatos em apenas metade dos distritos eleitorais – a fim de reduzir os temores de governos ocidentais e dos militares egípcios de que os islamitas possam obter uma maioria parlamentar –, vem sendo criticado por ter abandonado essa promessa.
Mohamed Mursi, o presidente do partido Liberdade e Justiça, diz que um sistema eleitoral complicado está obrigando a organização a ultrapassar a sua meta de 50% dos distritos para ter uma chance de conquistar cerca de um terço das cadeiras no parlamento. “A nossa meta ainda é conquistar de 30% a 35% das cadeiras, mas poderá haver surpresas”, diz Mursi.
Nos últimos meses, dezenas de novos partidos se registraram, e eles tem se esforçado para formar alianças. Blocos políticos desmoronam e novas coalizões são formadas todos os dias. Dois dos principais aliados da Irmandade Muçulmana, um partido salafista ultraconservador e o grupo liberal tradicional Wafd abandonaram a Aliança Democrática liderada pela Irmandade, e deverão disputar as eleições como adversários.
A Irmandade Muçulmana e outros grupos políticos têm reclamado de que o conselho militar que governa o país estabeleceu um complicado sistema eleitoral com o objetivo de criar um parlamento fragmentado.
A nova assembleia terá como tarefa supervisionar a redação de uma nova constituição para o Estado egípcio pós-Mubarak. Mursi diz que a Irmandade Muçulmana continua fiel à promessa de que não procurará obter uma maioria parlamentar nem concorrer com um candidato presidencial.
Os islamitas insistem que nenhuma facção política será capaz de governar sozinha, devido à magnitude dos problemas sociais e econômicos do Egito.
O grupo também tem em mente a experiência da Argélia nos anos 90, quando o exército argelino interveio no sentido de cancelar as eleições ao perceber que uma vitória de um partido islamita parecia provável.
Todas as forças políticas do Egito têm criticado a legislação eleitoral, segundo a qual dois terços das vagas da assembleia serão disputados por candidatos de listas partidárias, e as cadeiras parlamentares serão concedidas segundo representação proporcional. As cadeiras restantes serão disputadas por candidatos individuais.
A legislação foi modificada várias vezes para atender às reclamações dos políticos, mas ela ainda está longe de dar conta de todas as demandas. Os partidos dizem que o sistema eleitoral é desnecessariamente complicado e confuso para os eleitores, a maioria dos quais votará pela primeira vez na vida.
Eles temem também que as cadeiras reservadas a candidatos independentes possibilitem que figuras poderosas da era pré-revolucionária recuperem a antiga influência.
Os políticos têm exigido uma legislação que impeça que autoridades importantes e parlamentares do antigo partido governante de Mubarak (que foi extinto) disputem as eleições.
“Faltam apenas seis semanas para as eleições, e nós ainda estamos discutindo a natureza da legislação eleitoral e tentando descobrir como ela funciona”, queixa-se Ziad Bahaa, um candidato do partido Social-Democracia Egípcia. “Um dos problemas dessa legislação é que ela faz com que seja muito difícil para os candidatos independentes disputar as eleições”.
Ele e outros candidatos reclamam de que os distritos eleitorais são atualmente muito maiores do que no passado, o que faz com que seja difícil elaborar campanhas efetivas, capazes de atingir a maioria dos eleitores. Eles argumentam que isso favorece aquele tipo de candidato que prosperava no antigo sistema – os ricos, que têm condições de comprar votos, ou aqueles que são apoiados por forças tradicionais como alianças familiares e tribais.
Tradução: UOL
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