LONDRES - Salman Rushdie está escrevendo um livro de memórias sobre os anos que passou escondido, depois de o então líder supremo do Irã, aiatolá Khomeini, ter emitido uma fatwa (condenação à morte) contra ele, em 1989, por Rushdie ter escrito "Os Versos Satânicos", livro considerado blasfematório em relação ao islã.
O escritor britânico acaba de lançar um livro para crianças intitulado "Luka e o Fogo da Vida", que escreveu para seu filho menor, Milan, e quase concluiu o roteiro para uma versão cinematográfica de seu aclamado romance de 1981 "Os Filhos da Meia-Noite".
A respeito do livro de memórias, o autor de 63 anos disse que há "um vazio de informações" a ser preenchido e que ele sente que é chegada a hora, finalmente, de enfrentar um período difícil de sua vida.
"Estou começando a escrever este livro de memórias", disse Rushdie à Reuters em entrevista. "Já escrevi aproximadamente cem páginas do livro, e calculo muito aproximadamente que isso é um quarto da história. Tenho como meta concluir o livro até o final do próximo ano."
"Por enquanto, sinto que estou indo bem - não estou ficando aflito e perturbado, estou simplesmente escrevendo e me sinto satisfeito por estar escrevendo."
Rushdie disse que espera concluir o livro até o final de 2011, mas que a meta vai depender de o filme "Filhos da Meia-Noite", a ser dirigido pela cineasta Deepa Mehta, nascida na Índia, ser feito em 2011 ou não.
"Os Versos Satânicos" foi lançado em 1988 e foi o quarto romance de Rushdie.
A fantasia alegórica sobre a luta entre o bem e o mal foi vista por muitos muçulmanos como blasfematória, fato que levou a manifestações de protesto e a chamados pela proibição do livro.
Em 1989 foi lançada uma fatwa que obrigou o escritor a mergulhar na clandestinidade, da qual ele só pôde emergir plenamente nove anos mais tarde, a despeito de ocasionais aparições públicas entre 1989 e 1998.
"Muitas pessoas não sabem o que aconteceu sob aquele véu de segredo", disse Rushdie.
Rushdie acrescentou que, embora o contexto mais amplo da fatwa fará parte de seu livro, este será "essencialmente uma história humana".
"É sobre como foi aquilo, não apenas para mim, mas para as pessoas próximas a mim, como meus filhos, minha mãe."
O livro de memórias também lhe permitirá corrigir erros de relatos sobre essa época de sua vida.
"É verdade que o fato de haver uma espécie de vazio de informações permite que as pessoas especulem ou inventem coisas com má intenção, e isso tem sido um pouco frustrante, mas a verdade é que, até bem recentemente, eu ainda não estava preparado para escrever este livro."
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