Presidente alemão, Christian Wulff, apelou à liberdade religiosa para os cristãos na Turquia ao mesmo tempo que repetiu que os imigrantes de origem muçulmana têm lugar na sociedade alemã.
Numa visita de cinco dias à Turquia, a primeira de um Presidente alemão nos últimos dez anos, os pontos altos foram, ontem, o encontro de Wulff com o seu homólogo turco, Abdullah Gül, e o discurso perante o Parlamento de Ancara, uma estreia para um Presidente alemão.
Wulff repetiu que o islão é parte da Alemanha – uma afirmação que fez no dia em que se comemorou a unidade alemã e que reavivou o debate sobre a integração dos imigrantes de origem muçulmana e o lugar do islão na Alemanha.
Mas disse também que “o cristianismo tem lugar na Turquia”, pedindo direitos iguais para os cristãos no exercício da sua liberdade religiosa no país: que possam, por exemplo, treinar os seus padres em território turco (algo que hoje não é possível). “A liberdade religiosa faz parte da nossa concepção da Europa como comunidade de valores”, disse ainda Wulff. O aumento dos direitos para as minorias religiosas foi prometido pelo Governo turco para ir ao encontro dos critérios de adesão à UE.
"Há mais coisas que nos unem do que nos separam"
O Presidente alemão teve palavras simpáticas para os anfitriões: “Nós somos velhos amigos”, disse. “Há mais coisas que nos unem do que coisas que nos separam.”
Wulff falou ainda dos imigrantes na Alemanha (na sequência da última afirmação da chanceler, Angela Merkel, de que o multiculturalismo falhou na Alemanha). “Os imigrantes fizeram da Alemanha um país mais plural, mais aberto e mais cosmopolita”, disse. “Mas viver numa sociedade plural é também um enorme desafio”, contrapôs, apelando a que os imigrantes aprendam a língua e respeitem os valores do país.
Na Alemanha vivem quatro milhões de muçulmanos numa população de 82 milhões. O maior grupo de imigrantes – quase três milhões – são de origem turca. Muitos dos turcos mais velhos que vivem na Alemanha não chegaram a aprender alemão e vivem em comunidades fechadas.
Hamburgo pode dar estatuto igual ao islão
O Presidente turco sublinhou a necessidade dos cidadãos falarem a língua do país onde vivem. Mas alertou: “O uso de questões de integração para capital político deveriam ser evitados. Em vez disso, todos deviam contribuir para uma solução.”
Enquanto isso, Hamburgo poderá tornar-se o primeiro Land (estado-federado) alemão a reconhecer oficialmente o islão como comunidade religiosa, uma acção que dará à religião os mesmos direitos legais nos contactos com a administração local facilitando a construção de mesquitas, a abertura de cemitérios muçulmanos e o ensino do islão nas escolas públicas.
A cidade-estado quer aprovar a medida após quatro anos de discussões, mas a coincidência com a estridente discussão sobre o islão na Alemanha poderá trazer dificuldades a este plano.
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