sábado, 19 de março de 2011

Rio de Janeiro: Prefeito chama ao palanque sósia do terrorista Osama Bin Laden

A dois dias da chegada do presidente dos EUA ao Rio, prefeito Eduardo Paes chama ao palco de inauguração das obras da Transcarioca sósia do terrorista Osama bin Laden

Rio - A dois dias da chegada do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Rio, um dos anfitriões da visita, o prefeito Eduardo Paes, provocou mal-estar. Ontem, durante lançamento das obras do Transcarioca, no Campinho, ao avistar na plateia sósia do terrorista Osama bin Laden — considerado o inimigo número um dos EUA —, ele não se conteve: o chamou para o palco, festejou sua presença e posou ao seu lado para fotos. A gafe provocou reações entre diplomatas e especialistas da área de Política Internacional, que lamentaram o episódio.

“Vou levar esse cara aqui para receber o Obama”, brincou Paes, no Largo do Campinho, arrancando risos dos cerca de 300 moradores que estavam na cerimônia.

“É uma atitude estranha, inexplicável vinda de um prefeito. Foi, sem dúvida, uma gafe diplomática, que pode criar certo desconforto entre a comitiva americana e autoridades brasileiras. A verdade é que a situação, além de desnecessária, pegou mal”, argumentou o cientista político e professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Antônio Carlos Peixoto.

Há, no entanto, quem tenha considerado o fato algo normal. Para o coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), Adriano Freixo, os americanos vão levar a situação como brincadeira e considerar que essas manifestações têm muito mais a ver com estilo irreverente do carioca do que com alguma ofensa.

“Não vejo como gafe. Não é isso que vai criar um incidente. Provavelmente, vão levar na brincadeira. Vão achar que é uma continuidade do Carnaval”, avaliou o professor. Itamaraty e a Embaixada dos EUA preferiram não se pronunciar sobre o assunto.

Já para a professora da área de Direito Internacional, da Universidade de São Paulo (USP), Maristela Basso, a ‘brincadeira’ foi de mau-gosto e revelou um problema: a dificuldade que algumas autoridades têm de distinguir a figura dele como cidadão da de representante institucional da população.

“Isso foi uma deselegância sem precedentes. Mas, com certeza, Obama e sua comitiva serão superiores a isso. Ele (o prefeito) tinha que entender que Obama não vem visitar ele, nem ao Rio, mas o Brasil. E que Osama não é o inimigo número um de Obama, mas do povo dos EUA. Faltou preparo e bom senso”, analisou a professora. Para Maristela, o chefe da delegação dos EUA ou representantes do setor de relações internacionais americano podem solicitar pedido formal de desculpas.

Diplomatas brasileiros entrevistados pelo O DIA também questionaram a atitude. Um deles falou que faltou “tato político” e outro afirmou que foi episódio de “quem não zela pela imagem de seriedade”. O sósia de Osama é, na verdade, o ex-ator Paulo Roberto dos Santos, de 63 anos. “Eu sou o Bin Laden da paz. Queria ter a chance de dizer a Obama que espero que ele continue lutando pela paz mundial. Tenho o maior respeito pelo povo americano”, afirmou Paulo Roberto, figura tradicional de Madureira.

Para se apresentar diariamente “a caráter”, Paulo Roberto, sempre de coturno, conta que tem 35 túnicas no armário, além de 45 turbantes e boinas brancas. “Quando vi as Torres Gêmeas desmoronando no dia 11 de setembro de 2001, estava em casa. Achei um absurdo, uma covardia o que fizeram com os americanos”, comenta o “genérico” do terrorista.

O que foi o 11 de setembro

Uma série de ataques suicidas aos Estados Unidos foi coordenada pela organização terrorista Al Qaeda em 11 de setembro de 2001. Integrantes do grupo sequestraram quatro aviões e intencionalmente bateram dois deles contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque.Ambos os prédios desmoronaram em duas horas. O total de mortos nos ataques foi de 2.996 pessoas, incluindo os 19 sequestradores. A esmagadora maioria das vítimas era civil, incluindo cidadãos de mais de 90 países. Os Estados Unidos responderam aos ataques com o lançamento da Guerra ao Terror: o país invadiu o Afeganistão para derrubar o Talibã, que abrigou os terroristas da Al Qaeda.

Quem é...


Um dos homens mais procurados do mundo. Do Afeganistão planejou e coordenou ataques às embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998, e ao navio de guerra USS Cole, em 2000. Em 2001, foi acusado pelos governo dos EUA de cometer os atentados de 11 de Setembro.

Fonte: O Dia

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