| 02 Março 2011
"Whatever happens in Egypt, the Islamist forces are on the march in the rest of the region. And contrary to what some in the West seem to think, they definitely do not view events in Egypt as a setback for them".
Barry Rubin, Rubin Reports
Aproximam-se dias perigosos para o Estado de Israel - e o Ocidente em geral. A queda de Hosni Mubarak no Egito, apesar das garantias dadas pelo Comando das Forças Armadas de que seu regime estará mais próximo de Ankara do que de Terrã, ameaçam uma aliança que vinha se mantendo sólida desde a paz acertada entre Anwar El-Sadat e Menachem Begin. A queda do poder laico sobre a Turquia cedendo cada vez mais espaço para os fundamentalistas islâmicos que nunca aceitaram as reformas de Mustafá Kemal "Atatürk" foi o primeiro golpe e as constantes provocações de "frotas de solidariedade" visam criar constrangimentos com Israel. E ameaçam com a aproximação com Teerã.
Muammar Khadafi sugeriu aos refugiados palestinos que vivem da Jordânia, Líbano, Síria e Egito que marchem "pacificamente" para as fronteiras dos territórios palestinos "ocupados", aproveitando a onda de revoltas populares árabes. Instou os países árabes que mantém relações com Israel, Egito e Jordânia, a romperem seus vínculos e os acusou de covardes. Apelou também a todos os países muçulmanos, não somente árabes, a somar forças contra o Ocidente e todos os inimigos do Islã.
Khadafi já sentiu o risco de revolta em suas fronteiras e consoante sua inigualável paranóia já acusa o Mossad de, junto com a rede Al Jazeera, estarem promovendo as rebeliões na Tunísia e Egito. Há uma manifestação "dia da Ira" contra Khadafi marcada para o próximo dia 17. Segundo o jornal Asharq al Awsat, publicado em Londres com financiamento saudita, a Conferência Nacional da Oposição Líbia estaria organizando esta manifestação maciça.
Na Argélia os provedores de internet foram fechados e as contas do Facebook encerradas, balas de plástico e gás lacrimogêneo foram usados contra 30 mil manifestantes que exigem a saída de Abdelaziz Bouteflika, jornalistas foram atacados e presos por forças policiais.
E tudo isto é noticiado pela imprensa "chapa-branca" como a busca da liberdade e da democracia. Numa súbita e sutil virada, simultânea em toda grande mídia mundial, Mubarak deixou de ser chamado presidente para ser apupado como ditador. A maioria dos "analistas", alguns que não posso deixar de chamar de idiotas úteis, outros mal intencionados mesmo, mostram a Fraternidade Muçulmana - Hizb al-Ikhwan al-Muslimun - ora como um movimento fraco e sem importância, ora como uma organização com legítimos anseios democráticos. Ora, seu lema é: "Alá é nosso objetivo. O Profeta é o nosso Líder. O Corão é nossa Lei, Jihad é o nosso caminho. Morrer por Alá é nossa maior esperança". Eles interpretam o sucesso da revolução popular no Egito como o início de uma mudança radical no mundo árabe e uma tapa da cara dos EUA e de seu aliado Israel. Uma enquete realizada em seu site oficial em inglês IkahnWeb mostra que 71,8% dos que responderam acreditam que estas revoltas terão um efeito dominó em todo o mundo muçulmano.
Para quem conhece história é fácil perceber que o itinerário das revoltas reproduz o expansionismo islâmico dos século V e VI: espraiando-se por todo o Norte da África até a invasão e conquista de parte da Espanha e o avanço inexorável Europa a dentro. No presente a Fraternidade já está mais solidamente instalada na Europa do que no Oriente Médio, como nos informa Lorenzo Vidino no Middle East Quartely.
Publicado no Jornal Visão Judaica, Curitiba, PR
Fonte: Mída sem Máscara
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