quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Líbano - Confrontos entre sunitas e xiitas nova ameaça à paz

Líder do Hezbollah quer a ajuda do Irão para equipar o exército libanês. Teerão já respondeu, mostrando-se disponível

O exército libanês teve de agir para pôr cobro aos confrontos, na noite de terça-feira para ontem, em Beirute, entre o grupo xiita Hezbollah e o grupúsculo sunita Al-Ahbache de que resultaram três mortos e uma dezena de feridos. Os confrontos, na origem dos quais terão estado questões menores, são reveladores do estado de tensão que se vive entre as várias comunidades que habitam a capital do País do Cedro.

Duas das vítimas mortais eram membros do Hezbollah, movimento que conta com o apoio do Irão e da Síria e que integra o Governo de coligação do sunita Saad Hariri. A terceira vítima pertencia ao Al-Ahbache, um pequeno grupo pró-sírio que se identifica como sendo uma organização caritativa empenhada em promover a cultura islâmica. A sua importância e peso na sociedade libanesa e em especial na de Beirute entrou em declínio após a retirada das tropas sírias do Líbano em 2005.

Após a intervenção do exército, os dois grupos publicaram um comunicado conjunto no qual afirmavam que o "incidente lamentável era um caso isolado e não tinha carácter político ou confessional".

Testemunhas oculares contaram que tudo começou quando Mohammed Fawaz, representante do Hezbollah no bairro de Bourj Abi Haidar, e elementos do grupo de Al-Ahbache disputavam um local de estacionamento perto de uma mesquita frequentada por elementos deste grupo sunita. Lança-rockets e armas automáticas foram, de imediato, utilizados pelos membros dos dois grupos. Curiosamente, dois grupos politicamente alinhados e aliados.

Estes foram considerados os piores confrontos desde os ocorridos, em Maio de 2008, entre o Hezbollah de Hassan Nasrallah e os seus aliados contra os partidários do Partido Socialista Progressitas (PSP) de Walid Jumblatt e os de Saad Hariri que, numa semana, fizeram uma centena de mortos.

Entretanto, um novo foco de tensão foi criado por Nasrallah ao apelar ao Governo de Saad Hariri que peça ajuda a Teerão para equipar o exército libanês. O líder do Hezbollah foi ao ponto de sugerir que este tema pode ser discutido durante a visita do Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, a Beirute, no fim do mês do Ramadão. Teerão respondeu de imediato estar disponível para qualquer ajuda desde que Beirute o peça.


O exército libanês, com 60 mil homens, necessita de aumentar os seus efectivos, modernizar o seu equipamento e adquirir aviões. O Irão seria a última escolha de Saad Hariri que, tal como o pai, prefere o Ocidente e a Arábia Saudita ao xiita Irão. Se o fizer, significa que o Ocidente o abandonou.

Fonte: DN Globo

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