sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ortodoxos passam Natal sob proteção da polícia

As cerimónias do Natal ortodoxo começaram ontem no Egipto sob fortes medidas de segurança, estando mobilizados dezenas de milhares de elementos das forças de segurança e tendo sido colocados barreiras e detectores de explosivos nos acessos aos templos.


Medidas que estão longe de exageradas, como se viu ontem numa igreja de Minya, a 200 quilómetros a sul do Cairo, onde foi descoberto um engenho explosivo artesanal. Em Minya reside uma importante comunidade copta.
Mas é para o Cairo que convergem as atenções. No bastião copta da cidade, o bairro dos trapeiros do Cairo, os seus habitantes garantem "não ter medo", mesmo após o atentado de Alexandria, "pois Deus vela por nós". Mas também aqui foram instaladas câmaras de vigilância nos acessos à igreja de São Simão.


Os zabbaline (trapeiros e aqueles que limpam a lama das ruas) do Moqqatam, onde 35 mil pessoas vivem da recolha e triagem do lixo da cidade, desceram às ruas sábado passado ao tomarem conhecimento do atentado que causou 21 mortos à saída de uma igreja copta em Alexandria.


O ataque ainda não foi reivindicado, mas o Governo egípcio tem referido envolvimento externo na sua preparação e execução.


Diante um afresco que recorda a fuga da Sagrada Família do Egipto, gravado numa encosta, um habitante do bairro, Hana Moussa, recorda que "os ataques aos coptas não são nada de novo".


Por uma rua coberta de lixo e onde, porta sim porta não, se alternam cafés e mercearias, chega-se ao hospital al-Mahaba al-Khayeri. A irmã Anastásia trabalha desde há 17 anos no hospital que foi criado em 1971 pela irmã Emanuela, que viveu no Cairo desde os anos 60 e aqui fundou uma obra de apoio aos cristãos coptas pobres.


"É doloroso falar do que se passou em Alexandria. Sangue, sangue e sangue. Mas existem tensões entre muçulmanos e cristãos? Não. Estamos no Egipto, não estamos no Iraque nem no Líbano", diz Anastásia.


Ao lado do hospital, três homens fumam o tradicional cachimbo turco à porta de um café cuja fachada ostenta três cruzes. "No bairro existem cerca de 90% de cristãos e 10% de muçulmanos, mas não há problemas entre nós", assegura Wagdi Issaq, que recolhe e recupera plásticos deitados ao lixo.


Mas para os homens no café, todos zabbalines, o Estado deve fazer mais por este bairro onde convergiu grande parte da comunidade copta, e pelo sentimento que esta tem de ser menos respeitada do que os muçulmanos. "Pedimos ao Governo que nos ajude. Coptas e muçulmanos devem ser tratados da mesma forma", diz Issaq.


Em 2009, a decisão governamental de mandar matar todos os porcos, que constituíam uma fonte de rendimento suplementar para os cristãos de Moqqatam, ainda que os ajudando a desembaraçarem-se das carcaças dos animais, foi vista como uma injustiça pelos coptas. O Governo justificou a medida como parte do combate contra a gripe porcina, apesar da opinião contrária de especialistas.


Fonte: DN Globo

2 comentários:

Alô amigos
"
Diante um fresco que recorda a fuga da Sagrada Família do Egipto, gravado numa encosta, um habitante do bairro,......".

CREIO QUE A PALAVRA CERTA SEJA ==AFRESCO===

abraços
roberto

Roberto,

Muito obrigado, o erro passou despercebido!

Abraço!
Jefferson

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