quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Jihadisas Somalis pede que soropositivos que realizem atentados suicidas

Mogadíscio, 8 set (EFE).- A milícia radical islâmica Al Shabab convocou os portadores de HIV a promoverem atentados suicidas para derrubar o Governo Transitório da Somália por considerá-los pessoas "sem futuro", em meio à sequência de 25 dias de combates incessantes na capital do país, Mogadíscio.


Em mensagem divulgada nesta quarta em seu site, um dirigente não identificado do Al Shabab, aliado da rede terrorista Al Qaeda na Somália, anuncia: "Vocês, as vítimas da aids, não têm futuro e esperam a morte. São prisioneiros condenados na cela da morte".


Por este motivo, o dirigente radical islâmico pede aos soropositivos que "usem seu tempo e venham conosco que os prepararemos para realizar ataques suicidas" contra o Governo Federal Transitório da Somália e as tropas da União Africana que o apoiam.


"Vocês alcançarão o Paraíso, receberão a bênção de Deus e morrerrão com honra", afirma o porta-voz do Al Shabab, organização que, com o respaldo de centenas de combatentes estrangeiros ligados à Al Qaeda, luta para derrubar o Governo Federal Transitório e criar na Somália um Estado muçulmano radical seguidor da linha Wahabi.


Os últimos 25 dias de ofensiva ininterrupta do Al Shabab em Mogadíscio ocasionaram pelo menos 240 mortos e 500 feridos, provocou a fuga de dezenas de milhares de pessoas e deixou as ruas da cidade praticamente desertas, disseram hoje à Agência Efe fontes humanitárias.


O Al Shabab denominou esta ofensiva como "O fim dos invasores", já que é voltada principalmente contra as tropas da Missão da União Africana na Somália (Amisom), que apoiam o Governo Federal Transitório do presidente Sharif Sheikh Ahmed, apoiado pela comunidade internacional.


Para reforçar sua ofensiva, o anônimo dirigente do Al Shabab reivindica em sua mensagem pela internet aos homens úteis, de 14 a 60 anos, que deixem de fugir da cidade e se unam às milícias rebeldes.


"Todos os homens úteis são convidados a participar da jihad (guerra santa islâmica). Todo aquele que for encontrado fugindo será trazido de volta e treinado para pegar em armas contra os cruzados ugandenses e burundinenses", assinala o porta-voz radical, em referência aos soldados dos dois países - Uganda e Burundi - que formam as tropas da Amisom.


Ali Moussa Mohamud, diretor do Sistema Voluntário de Ambulâncias de Mogadíscio, ressaltou hoje à Efe que, nos últimos dias, a proporção de vítimas civis foi muito menor, já que quase toda a população da região nordeste da cidade, onde se registraram os combates, se deslocou rumo às localidades vizinhas e deixou a área deserta.


Quase toda a população dos distritos de Bondhere, Abdilaziz e Shibis deixou seus lares e fugiu em direção aos arredores, disse Mohamud. "Os que morrem são quase todos pessoas que tomaram parte na luta e as baixas civis se reduziram, porque 99% dos habitantes se viram deslocados pela guerra".


Nos últimos 25 dias, segundo Mohamud, "o número de mortos nos combates chegou a 242, inclusive oito vítimas desde a noite passada, e o número de feridos supera os 500".


Por sua vez, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) assinalou ontem que a situação em Mogadíscio, imersa no caos após 19 anos de guerra civil, se deteriorou ainda mais e 23 mil pessoas abandonaram a capital somali nas últimas semanas.


Melissa Fleming, porta-voz do Acnur, informou em Genebra que mais de 200 mil pessoas abandonaram Mogadíscio o início deste ano e que, até ontem, os mortos na cidade pela violência das últimas semanas eram pelo menos 230 e os feridos chegavam a 400.


Os somalis refugiados nos países vizinhos neste ano já são quase 68 mil, chegando a 614 mil o número de refugiados originais da Somália no mundo, o número mais alto depois de Afeganistão e Iraque, comparou Fleming.


Enquanto isso, nos bastidores do Governo Federal Transitório, que não exerce controle efetivo sobre o território, surgiu um conflito político entre o presidente Ahmed e o primeiro-ministro, Omar Abdirashid Sharmarke, que discutem os termos de uma nova Constituição para a Somália.


Desde 1991, quando foi derrubado o ditador Mohamed Siad Barre, a Somália vive imersa no caos, sem um Governo efetivo e com seu território dividido e controlado por senhores da guerra que lideram milícias tribais e grupos islâmicos radicais.

Fonte: AFP

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