Gilles Lapouge - O Estado de S.Paulo
Quarenta e seis católicos foram mortos domingo numa igreja de Bagdá, depois de um ataque suicida organizado pela Al-Qaeda. Não é a primeira vez que comunidades cristãs são massacradas por membros delirantes do Islã. O antigo ditador Saddam Hussein era uma personagem abjeta, mas protegia as minorias cristãs no Iraque. Após seu desaparecimento, está aberta a "caça aos cristãos".
O exemplo do Iraque é o mais dramático, mas a mesma rejeição aos cristãos se observa em toda a região, do Egito ao Irã. Por toda parte, a pregação islâmica se espalha e obriga igrejas cristãs a encolherem e, às vezes, se exilarem.
A rejeição do cristianismo no lugar onde ele nasceu não é de agora. Antes mesmo de se falar de "islamismo", o recuo dos cristãos havia aumentado. Há 45 anos, o papa Paulo VI havia pronunciado estas frases proféticas: "Os lugares santos vão se transformar em museus, após o desaparecimento dos cristãos." O Iraque perdeu, ao que parece, a metade de seus cristãos nos últimos 20 anos. No Egito, estima-se que nos últimos dez anos, 1,5 milhão de coptas (cristãos) emigraram para EUA e Canadá. Líbano e cidades palestinas também perdem seus cristãos.
Embora as estatísticas sejam fluidas e incertas, falseadas pela propaganda de uns ou de outros, os demógrafos estimam que em um século a proporção de cristãos no Oriente Médio passou de 15% para 3% das populações locais.
Como causas desse êxodo apontam-se o conflito israelense-palestino e a insegurança que dele resulta. É preciso acrescentar que os cristãos do Oriente Médio pagam com frequência por sua proximidade, real ou imaginária, com os ocidentais, que não são amados na região. Os islâmicos fanáticos odeiam os cristãos. Mas, neste mundo cada vez mais dominado pela identidade religiosa, também os muçulmanos moderados rejeitam a cultura e a prática cristãs. Uma última circunstância explica a importância do êxodo dos cristãos do Oriente Médio.
Os cristãos estão em geral mais bem de vida e, sobretudo, mais bem formados culturalmente, graças à densidade das redes de educação cristã na região. Por isso, eles têm mais facilidade que outros para se juntar às "diásporas" cristãs que há um século se formaram no Ocidente. Não custa lembrar que hoje, por exemplo, 300 mil palestinos cristãos vivem no Chile, enquanto 10% dos argentinos são de origem sírio-libanesa. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK
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